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Biblioteca Mário de Andrade recebe a exposição “CONTRA-ATAQUE! As Mulheres do Futebol”

Mostra segue até o dia 16 de abril, com visitação gratuita aos finais de semana

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A Biblioteca Municipal Mário de Andrade está localizada na Rua Carlos Gomes, 1729, no Centro de Araraquara.

A exposição “CONTRA-ATAQUE! As Mulheres do Futebol”  está em Araraquara – casa da Ferroviária, campeã da modalidade – e pode ser visitada gratuitamente até o dia 16 de abril na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, depois de marcar história no Museu do Futebol, em São Paulo, com quase 200 mil visitantes.

O público pode visitar a exposição aos finais de semana na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, que este ano comemora 80 anos de fundação, e abre suas portas para os visitantes aos sábados e domingos para o público geral, das 10h às 16 horas.

Com curadoria das pesquisadoras Aira Bonfim, Silvana Goellner e Lu Castro, além da ex-jogadora e atual dirigente da CBF Aline Pellegrino, a exposição é uma realização do Museu do Futebol, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, em parceria com a Prefeitura de Araraquara e o SESC Araraquara. A iniciativa conta com recursos do ProAC Direto, programa de incentivo à cultura do Governo do Estado de São Paulo.

BIBLIOTECA

A mostra itinerante ocupa o térreo e primeiro andar da Biblioteca Municipal Mário de Andrade apresentando a história de resistência das mulheres brasileiras que foram proibidas por Lei de jogar bola, entre 1941 e 1979, e driblaram as dificuldades para manter o esporte vivo como sonho de mulheres e meninas das gerações atuais. A exposição acontece em ano de Copa do Mundo de Futebol de Mulheres, que será disputada na Austrália e Nova Zelândia em julho, e também celebra os 80 anos da Biblioteca Municipal Mário de Andrade.

No jogo de futebol, um contra-ataque ocorre quando um dos times recupera a posse da bola e avança rapidamente em direção ao gol, sem deixar espaço para a armação da defesa do time adversário. Essa jogada extremamente emocionante foi a metáfora escolhida para narrar a trajetória da modalidade, proibida por decreto-lei no Brasil por décadas.

Logo na entrada da exposição o público vai entender o contexto de preconceito e machismo que levou ao decreto-Lei assinado pelo presidente Getúlio Vargas proibindo às mulheres “a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”. O ator Antonio Fagundes e a atriz Patrícia Pillar interpretam em áudio cartas publicadas em jornais de 1940, respectivamente contra e a favor do futebol de mulheres, ilustrando como a opinião pública debatia a questão.

A exposição mostra como as mulheres brasileiras deram um jeito de continuar jogando mesmo sob a proibição – por exemplo, em partidas disputadas como atrações de circo. Em seguida, os visitantes verão como a modalidade começa a se desenvolver depois que a proibição caiu, em 1979, e especialmente após a regulamentação, em 1983, com muita precariedade e falta de apoio até o final da década de 2010 – basta lembrar a Seleção Feminina de Futebol que jogou com uniformes da Seleção masculina até 2019, quando finalmente foi desenvolvido um modelo próprio para mulheres.

O público verá também um apanhado de frases preconceituosas publicadas pela imprensa e vistas nas redes sociais até hoje sobre mulheres que jogam bola. Na instalação audiovisual, as frases são reescritas para deixar de fora palavras negativas e preconceituosas contra mulheres que jogam bola. Uma coleção de jogadas incríveis mostra o jogo bonito desenvolvido por mulheres apesar das adversidades, e deixam claro o que a modalidade poderia ser hoje não fossem as décadas de proibição e falta de apoio.

A edição itinerante de “CONTRA-ATAQUE! As Mulheres do Futebol” faz uma homenagem a Araraquara e à Associação Ferroviária de Esportes, que por muito tempo foi o único clube brasileiro a investir de maneira consistente no futebol de mulheres. A equipe feminina foi estabelecida em 2001, muito antes de a FIFA exigir dos clubes que disputam campeonatos oficiais que mantivessem times de mulheres.

Um grande painel da exposição é dedicado a contar essa história, que começa antes mesmo do protagonismo da Ferroviária, com informações inéditas sobre a presença de mulheres jogando bola na cidade nas décadas de 1970 e 1980 com as equipes Mazaroppi, nome do dono de uma oficina local que passou a promover preliminares femininas e fomentar a criação de outras equipes entre as cidades da região.

O público também pode ver de perto o troféu da Libertadores Feminina conquistada pelas Guerreiras Grenás em 2015, além dos uniformes de 2014 e de 2004, este último ano em que a equipe foi campeã paulista pela primeira vez.

VISITAÇÃO

A exposição fica em cartaz na Biblioteca Municipal Mário de Andrade e no Sesc Araraquara até o dia 16 de abril. Na Biblioteca Municipal, pode ser vista gratuitamente de segunda à sexta-feira, das 9h às 19h, e também aos sábados e domingos, das 10h às 16 horas.

De acordo com a secretária municipal da Cultura, Teresa Telarolli, “a iniciativa vem reforçar a nossa decisão de fomentar e impulsionar toda e qualquer proposta que rompa as amarras historicamente estabelecidas com o machismo, o preconceito e as diversas formas de violência contra as mulheres, práticas tão banalizadas no Brasil. Visitar esta exposição é também um convite à reflexão.”