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Mulher na gestão do próprio negócio

Por Ana Cláudia Badra Cotait

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Não há dúvida sobre a força feminina no cenário empresarial. As mulheres são empreendedoras por natureza e é essencialmente delas uma virtude que contribui para o sucesso: a empatia. A sensibilidade do gênero inspira ao revelar o potencial para criar soluções inovadoras. Exatamente por essa qualidade transformadora, a mulher costuma identificar lacunas e oportunidades de mercado, antecipando necessidades que levam ao êxito. Entretanto, outra característica comum, apesar da coragem diária de empreender, está na timidez para desenvolver a gestão financeira do próprio negócio.

A visão estratégica sobre as finanças é uma habilidade que precisa ser despertada, para garantir a necessária liberdade financeira feminina. A mulher é o coração das empresas, mas a gestão é o sangue. A metáfora apenas reforça os desafios adicionais que uma empresária enfrenta. Afinal, essa interdependência é crucial para a sobrevivência da atividade. Só que um obstáculo frequente está no acesso ao crédito e na renegociação de dívidas. Até mulheres mais arrojadas podem ter dificuldade nesse processo de organização financeira, que é essencial para consolidar e expandir empreendimentos e deve ser desenvolvido desde o início de qualquer projeto.

Só que mesmo com um plano de negócios detalhado, com metas financeiras claras e realistas, e análise constante da saúde financeira, há o risco de se deparar com situações de endividamento. A renegociação de dívidas também entra no planejamento, assim como a necessidade de obter crédito para expandir. Nesse sentido, é fundamental que as empreendedoras busquem apoio e informação. O networking cria oportunidades. Por isso, mulheres devem construir redes e abrir portas para novas parcerias. Uma associação comercial é um exemplo desse suporte. As empreendedoras encontram nos grupos uma rede de apoio sólida para compartilhar experiências, adquirir novas habilidades e se inspirar mutuamente.

Como presidente do Conselho Nacional da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC) da Confederação das Associações Comerciais e Empresarias do Brasil (CACB),  tenho testemunhado, em primeira mão, inúmeras histórias de sucesso, mas também acompanho as dificuldades enfrentadas. Estou comprometida a mudar esse cenário, e é por isso que temos desenvolvido programas de capacitação gratuitos e parcerias com bancos para oferecer soluções financeiras específicas e acolhedoras para mulheres empreendedoras.

Muitas padecem ao lidar com questões financeiras, desde a negociação de créditos até a busca por investimentos. Para superar essa barreira, buscamos taxas de juros mais atrativas, número de parcelas flexíveis e atendimento mais acolhedor para as mulheres. Cada empresária tem suas próprias necessidades e preferências e, isso reconhecido, cada negociação precisa ser adaptada às circunstâncias individuais para ser assertiva.

Além disso, as mulheres tendem a ser mais conservadoras em relação às finanças e, muitas vezes, enfrentam dificuldades para renegociar dívidas e obter crédito no mercado. Enquanto os homens podem ser mais ousados em suas abordagens, nós geralmente preferimos planejar a longo prazo e organizar meticulosamente o fluxo de caixa, quando assumimos a gestão.  Em muitos casos, porém, a mulher abre mão desse papel, delegando o “sangue” do negócio a um homem. É por isso que, além de buscar crédito acessível, também enfatizo a importância da educação financeira. Afinal, não se trata apenas de tomar crédito, mas também de saber como gerenciá-lo de forma eficaz e sustentável. É por meio dessa liberdade financeira que a mulher empreendedora pode alcançar todo o seu potencial no mundo dos negócios. Porque, além de amar o que a gente faz, a gestão também é o mote para o sucesso do empreendedorismo.

*Ana Cláudia Badra Cotait é presidente do Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC) Nacional da CACB e dos CMECs da ACSP e da Facesp, colabora com o RCIA

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