O dólar caía com força ante o real nesta quinta-feira, em meio ao maior apetite por risco nos mercados internacionais após o Federal Reserve adotar uma postura de cautela e com sinalizações positivas do governo sobre a reforma da Previdência.
Às 14h52, o dólar recuava 2,13% por cento, a 3,645 reais na venda, após fechar na véspera com variação positiva de 0,06 por cento, a 3,7246 reais.
O Fed deixou a taxa de juros inalterada na véspera, como já era amplamente esperado, mas sinalizou que será paciente com relação a novos aumentos.
A decisão do banco central norte-americano, que sugere que o ciclo de aperto iniciado em 2015 pode ter terminado, pressionava o dólar para baixo contra moedas emergentes de maneira geral.
“A sinalização do Fed de que vai ser um pouco mais paciente com a política monetária deixou parte do mercado bem animado”, afirmou o operador de câmbio da Advanced Corretora, Alessandro Faganello.
“Uma parte do mercado não descarta que o Federal Reserve venha até a adotar uma política de redução de juros futuramente”, completou.
O mercado aguarda ainda o desfecho das negociações comerciais entre autoridades dos EUA e China, que, desde quarta-feira, estão reunidas para tentar resolver o impasse entre as duas maiores economias globais.
O presidente dos EUA, Donald Trump, alertou pelo Twitter nesta quinta-feira que um acordo comercial com a China será “inaceitável” a menos que Pequim abra seus mercados.
No lado doméstico, investidores ficaram otimistas após declaração do vice-presidente, Hamilton Mourão, de que a reforma da Previdência será única e que incluirá militares e que será submetida como emenda constitucional e um projeto de lei.
“A coisa que anima internamente é a declaração do Mourão de que a reforma da Previdência vai ser única, que vai incluir militares e vai ser por emenda constitucional. Isso é uma coisa boa”, afirmou o operador de câmbio da Advanced Corretora.
Também segue no radar o fim do recesso no Legislativo e a formação das mesas diretoras de cada casa do Congresso, quando o governo poderá começar a avançar com sua agenda econômica.
A formação da taxa Ptax também pode dar certa volatilidade ao câmbio na primeira parte do pregão desta quinta-feira. Isso, no entanto, não deve levar a moeda a operar em alta em função do bom humor após as notícias da véspera, avaliou Faganello.
A Ptax de final de mês é usada na liquidação de diversos derivativos cambiais e sua formação de preços no último pregão do mês acaba deixando o mercado mais volátil, com a briga entre os investidores que apostam na queda da cotação e na alta.
O Banco Central vendeu 1,72 bilhão de reais, de um total de 3 bilhões de dólares ofertados nesta sessão, no segundo dia de leilão de linha para rolar um montante de 6,2 bilhões de dólares que vencem em 4 de fevereiro. Somando à quantidade vendida na véspera, o BC rolou apenas 4,92 bilhões de reais.
Na avaliação do superintendente de câmbio da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva, investidores estão vendo menor risco para o câmbio, o que reduz o apetite pelo leilão de linha ofertado pelo BC.
“Não é tão clara a valorização de dólar no cenário internacional. Temos um cenário interno que indica que as coisas vão andar bem”, afirmou o superintendente.
A autoridade monetária também já anunciou que pretende rolar integralmente os 9,811 bilhões de dólares em contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares, que vencem em março. Na sexta-feira fará o primeiro leilão, de até 10,33 mil contratos.
(Com informações EXAME)