Selo Bonsucro atesta a excelência da produção de mudas pré-brotadas na propriedade
Em outubro passado, a Agrícola Trevizoli se tornou a primeira produtora certificada de mudas pré-brotadas (MPBs) de cana-de-açúcar do mundo. O selo Bonsucro atesta a excelência das operações conduzidas na propriedade, que respeitam critérios pré-estabelecidos nas esferas social, ambiental e tributária.
As vendas das primeiras mudas certificadas ainda não aconteceram. Começam agora em 2019. Mas o carimbo já está pronto. Ficará na sede da Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba (Socicana) para garantir a idoneidade da operação. As notas saem da Agrícola Trevizoli, passam pelo escritório da associação e, de lá, vão para os clientes, divididos entre produtores independentes e unidades agroindustriais espalhadas por todo o Brasil. A expectativa da empresa para este ano é comercializar mais de dois milhões de mudas.
O portfólio de variedades disponíveis é bem grande e integra materiais de todos os institutos de pesquisa. Embora possua em seu plantel cultivares mais antigas – como a RB867515, ainda em demanda em diversas usinas brasileiras – o foco da Agrícola Trevizoli são os materiais com perfil produtivo mais moderno, que tenham características como crescimento acelerado, alto perfilhamento e porte ereto.
A Agrícola Trevizoli é uma empresa familiar. Nela, trabalham Renato Trevizoli (gestor administrativo), sua esposa (Simone – gestora de produção de MPB) e irmã (Marisa – gestora financeira). O negócio está no sangue da família, que cultiva cana-de-açúcar há quatro gerações, sendo três na mesma propriedade, localizada na região paulista de Taquaritinga.
Quem vê a familiaridade desses produtores com o sistema de mudas pré-brotadas não imagina que, até 2014, eles nem ao menos conheciam a tecnologia. Naquele ano, a Agrícola foi uma das selecionadas para integrar o “+Cana”, um projeto firmado entre a Coplana – Cooperativa Agroindustrial, a Socicana e o Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC) cujo objetivo era o aumento da rentabilidade dos produtores canavieiros, que estavam sofrendo quedas acentuadas na remuneração – devido à crise do setor e à baixa produtividade dos canaviais – e estavam em vias de abandonar a atividade. As peças principais para essa transformação seriam as mudas pré-brotadas de cana-de-açúcar.
“O ‘+Cana’ literalmente abriu os horizontes da nossa propriedade”, conta Renato Trevizoli. “Foi uma ascensão vertical a partir do momento em que adotamos a tecnologia de MPB em nossa propriedade aliada ao uso de cultivares mais modernos e melhor adaptados aos nossos ambientes de produção.”
Quando adentrou o projeto, a produtividade média dos canaviais da Agrícola Trevizoli – que somam 300 hectares entre áreas próprias e arrendadas – era de 90 Toneladas de Cana por Hectare (TCH). Hoje, esse número já alcança 117 TCH.
Através do “+Cana”, os produtores teriam a capacidade de montar uma estrutura de finalização das MPBs em suas próprias propriedades. As mudas produzidas ali poderiam ser utilizadas em seus canaviais e/ou comercializadas para terceiros. A Agrícola Trevizoli foi uma das únicas a escolher ambas as opções. Instalou câmaras de brotação, aclimatação e rustificação em sua propriedade e montou um polo de produção semelhante ao do Centro de Cana do IAC.
“No momento em que colocamos a mão na massa, percebemos que precisaríamos otimizar a estrutura e contratar uma maior quantidade de funcionários do que tínhamos imaginado”, afirma Renato Trevizoli. “Quando me dei conta, já está muito envolvido no processo. Tínhamos inúmeros colaboradores e uma excelente estrutura. Junto de minha esposa e irmã, chegamos à conclusão que seria interessante ter outra opção de negócio dentro da Agrícola. Foi quando resolvemos nos tornar viveiristas.”
Para a produção das mudas, a Agrícola Trevizoli conta com cinco hectares de jardins clonais, instalados a partir de materiais sadios enviados pelas instituições de pesquisa, como IAC, CTC e Ridesa. Atualmente, as variedades mais demandadas são: IACSP95-5094, IAC91-1099, IACSP01-3127 e IACSP01-5503.
Após participar do Programa Elo da Raízen por três anos – que estabelece regras para a cadeira produtiva no campo e desenha incentivos para agricultores, agregando imparcialidade e induzindo a melhoria contínua das práticas agrícolas e administrativas -, os gestores da Agrícola Trevizoli perceberam que a propriedade estava num nível de excelência muito próximo de conseguir o selo Bonsucro.
Após meses de preparação, chegou o tão sonhado certificado. Hoje, todos os processos da Agrícola Trevizoli estão chancelados pela Bonsucro, desde os tratos culturais até a colheita da cana.“Como somos os primeiros do mundo a certificar sua produção de MPB, ainda não sabemos qual será o reflexo disso no mercado. Mas nossas apostas estão altas.Nossa opinião é que esse selo irá atrair principalmente a atenção das empresas que comercializam seus produtos no mercado externo, muito mais rígido no que tange as questões de sustentabilidade das matérias-primas”, finalizam os gestores.
Leonardo Ruiz
CanaOnLine
