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Agro brasileiro aciona diplomacia contra tarifaço de Trump pois teme sobrar suco de laranja no mercado

Por meio de nota, a Citrus BR explica que, com a nova tarifa, cerca de 72% do valor total do produto passariam a ser recolhidos em tributos, inviabilizando as exportações para aquele mercado

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Produtores do setor estão apreensivos

A sobretaxa coloca em risco o setor de suco de laranja brasileiro, afirma a CitrusBR, associação que representa os exportadores. Na safra 2024/25, quase metade do que foi vendido para fora país foi para os Estados Unidos (41,7%).

Por meio de nota, a associação explica que, com a nova tarifa, cerca de 72% do valor total do produto passariam a ser recolhidos em tributos, inviabilizando as exportações para aquele mercado. “Trata-se de uma condição insustentável para o setor, que não possui margem para absorver esse tipo de impacto”, diz a nota.

O setor prevê consequências graves como a interrupção de colheitas, desorganização nas fábricas e paralisação do comércio. Embora a União Europeia seja o maior mercado do suco brasileiro, ela não deve ter capacidade de absorver o excedente.

“A CitrusBR, em comunicação com o governo brasileiro, reiterou a necessidade de que o Brasil exerça plenamente sua tradição diplomática, mobilizando todos os recursos do Estado brasileiro para lidar na proteção dos interesses dos seus cidadãos, do emprego e da renda”, diz a nota divulgada à imprensa.

PARALISIA NOS EMBARQUES

Nos portos, carregamentos de pescados se amontoam depois do cancelamento de vários pedidos de empresas americanas, que compram 80% da produção brasileira. Não se sabe o que vai acontecer com produtos que estão em rota e que eventualmente cheguem no destino após dia 1° de agosto, quando a taxação extra passa a valer.

A venda de carne bovina para os Estados Unidos, que tinha previsão de dobrar em 2025, ficará inviável. De janeiro a junho deste ano, foram 190 mil toneladas exportadas, quase o patamar das 220 mil toneladas registradas nos 12 meses de 2024.

O corte apreciado pelos americanos, que é a dianteira do boi, não é do gosto dos brasileiros. Quando chega nos Estados Unidos, ela é transformada em hambúrguer, que representa 68% do consumo de carne bovina naquele país, detalha a Abiec.

“O setor está procurando entender a situação para reescalonar e reorganizar a indústria. O rearranjo deve ser feito com países para os quais já exportamos”, pontua Perosa, citando o foco em países asiáticos e Oriente Médio.

O governo brasileiro diz que vai apoiar o redirecionamento e que está em contato direto com as entidades do agronegócio para criar ações específicas para diminuir o impacto.