O primeiro Encontro Nacional de Mulheres do Campo Brandt, realizado na Fazenda Jangada Brava na região de Araraquara, foi um sucesso.
Agricultoras do Sul, Goiás, Paraná, Mato Grosso, São Paulo, entre outras localidades estiveram reunidas para discutir os desafios da mulher na gestão do Agro.
Anna Paula Nunes, referência na agricultura de precisão, e no plantio de grãos na região, contou um pouco de sua história, e quais foram os desafios enfrentados por ela na sucessão familiar. (Conheça a história)
A engenheira Agrônoma Kissia Carol Poltronieri, planta milho e soja no Mato Grosso, segundo ela, sempre acompanhou o pai na fazenda que tem 800 hectares, e este ano, ela o marido e o irmão assumiram as terras e farão a primeira colheita, onde plantaram em 380 hectares. No próximo ano, eles pretendem plantar o restante das terras.
Kissia diz que este tipo de encontro agrega experiências, e que a realidade no campo são as mesmas em qualquer estado, com algumas dificuldades diferentes.
Ana Franciosa, que veio para o encontro de Mangueirinha no Paraná, planta em sua propriedade de 730 hectares, milho, soja, aveia, trigo e também tem gado de corte, está na gestão direta da fazenda da família há 13 anos. Ela ressalta que o encontro com mulheres do agro, agrega muito na troca de informações e experiência. “Conhecemos um pouco a história de cada uma, e acaba que se identificando com a nossa história. Quando eu comecei, não imagina que teríamos essa interação entre mulheres do agro, na minha cidade já temos um grupo local, mas demorou para cair minha ficha de que estou participando de um encontro nacional, então é muito gratificante.
Andrea Cordeiro foi quem iniciou o grupo das mulheres agricultoras, ela é também co-autora do livro Mulheres do Agro. Disse que quatro mulheres que tinham um sonho, de dar visibilidade e voz as mulheres que trabalham no campo, se juntaram para escrevê-lo. “Seja dentro da porteira, na agricultura ou pecuária, fora da porteira, existem muitas mulheres que trabalham com o agro e precisam ser valorizadas, ter voz. Trouxemos neste livro nove capítulos com 50 histórias de mulheres inspiradoras, que construíram seu legado, com felicidade, resignação, força de vontade. Histórias que inspiram outras profissionais, muitas pessoas que trabalham no setor acreditam que não tem representatividade, que enfrentam problemas que outras não enfrentam. Neste meio existe problemas de aceitação, preconceito e o livro também aborda esse assunto. Mas aborda também mulheres que foram acolhidas e que sabiam desde o princípio o que queriam e que lutaram. É uma obra muito completa”, ressaltou a escritora.
Andrea é executiva e Consultora em Commodities Agrícolas, diz que percebia que neste segmento as mulheres eram pouco valorizadas e isso a incomodava. “Comecei a incentivar que a empresa contratasse mais mulheres, abrisse espaço para que pudéssemos oferecer serviços, e as coisas começaram a acontecer, foi quando comecei a fazer missões para os EUA. Reunindo mulheres e indo acompanhar o que está acontecendo nas plantações de soja e milho americanas que é a grande referencia para o agro brasileiro. Depois disso começou a ter adesão, e foi natural criar um grupo que hoje é intitulado “Mulheres do Agronegócio Brasil”, disse Andrea
A executiva trabalha neste engajamento desde o início do ano 2000, e diz que de cinco anos pra cá, o Brasil mudou muito. “O congresso nacional das mulheres do agro veio com a iniciativa do Grupo Transamérica, gerando conteúdo e capacitação, foi todo um ciclo que convulsionou o mercado nos últimos cinco anos.
Fernanda Bueno, advogada do Sindicato Rural de Araraquara, falou sobre os cursos de capacitação, tanto para proprietárias de terras como para seus funcionários oferecidos pelo SENAR.
Fortes, guerreiras e decididas a mudar o rumo de suas histórias, absorvem novas tecnologias e literalmente vão a campo, transformando assim o agro brasileiro.
Por_Suze Timpani