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China já comprou 20 navios de soja do Brasil nesta semana

A China já embarcou 39,575 milhões de toneladas de soja do Brasil de janeiro a julho deste ano.

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A concentração da demanda da nação asiática no Brasil tem resultado em prêmios mais fortes e melhores oportunidades de negócio

Enquanto Donald Trump e Xi Jinping continuam conversando, trocando ligações e mensagens, a China realizou, somente nesta semana, a compra de cerca de 20 navios brasileiros de soja. As informações partem do SIMConsult e os números e movimentações confirmam a continuidade do protagonismo do Brasil como maior exportador mundial da oleaginosa e principal fornecedor para o maior comprador global.

A concentração da demanda da nação asiática no Brasil tem resultado em prêmios mais fortes, melhores oportunidades de negócio e isso converge ainda com a recente disparada do dólar frente ao real e com os desdobramentos da guerra comercial entre chineses e americanos, que seguem bem distantes de um acordo. “O preço é o mais alto do ano e a China comprou 17 navios de soja brasileira ontem. Na semana foram 20. A ração para frango cresceu 15% e o preço do suíno expandiu as criações para o norte e nordeste com melhora na produção para o terceiro trimestre na China. Ou seja, houve um aumento do consumo de milho e farelo de soja”, explica Liones Severo, diretor do SIMConsult.

A necessidade da China da soja do Brasil e o potencial que o país ainda tem de exportar volumes de soja tem sido motivo de revisitação aos números da temporada brasileira, como noticiou a Reuters nesta quarta-feira (14). Afinal, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o Brasil não teria condições de exportar 72 milhões de toneladas de soja este ano, como estima a Abiove (Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais.

Ainda segundo números apurados pelo SIMConsult, a China já embarcou 39,575 milhões de toneladas d soja do Brasil de janeiro a julho deste ano. No mesmo período de 2018 eram pouco mais de 46,3 milhões.

“Sim, a importação chinesa é menor este ano. No ano passado, exportamos 69,380 milhões de toneladas de soja para a China, este ano podemo chegar a, no máximo, 58 milhões. E faz todo sentido essa diferença.

A oferta total do Brasil em 2018 – de produção mais estoque inicial – foi de 127,3 milhões de toneladas, e este ano a oferta total é de 116,6 milhões. Nossa oferta total caiu quase 11 milhões”, explica Severo.

O cenário atual já tem, portanto, promovido bons resultados em empresas do certo, como a Olam, uma gigante asiática do setor agrícola e de alimentos com unidade também no Brasil. A multinacional informou em nota que seu lucro no segundo trimestre do ano recuou 35% com resultados mais fracos em divisões como castanhas e confeitos, mas que suas vendas aumentaram 40% no primeiro semestre de 2019 diante do crescimento no comércio de grãos.

“Temos um portfólio consistente no trade de grãos como milho, soja e trigo, o que tem sido importante pilar de sustentação de diversos mercados, mas, como qualquer outro negócio comercial, haverá oportunidades em que poderemos aumentar ou diminuir o ritmo. E esse foi um bom exemplo, nos últimos seis meses, de nossa aceleração”, disse um representante da empresa á agência internacional Bloomberg.

A situação da Olam, porém, não é uma máxima entre as principais tradings mundiais. Outras gigantes como a ADM (Archer-Daniels-Midland Co.) e a Cargill já têm divulgados resultados preocupantes sobre seus balanços e expectativas. A primeira afirmou que será difícil alcançar sua meta de lucros para este ano, enquanto a segunda registrou a maior queda em quatro anos em seus rendimentos.

Ambas atribuem esses problemas à guerra comercial China x EUA que já dura mais de um ano e que mudou profundamente a dinâmica do comércio agrícola global, bem como alterou de forma significativa o fluxo do comércio nos EUA de setores importantes no quadro geral de commodities agrícolas e alimentos.

Há algumas semanas, o grupo Marubeni Corp. informou que sua unidade sediada nos Estados Unidos teria interrompido todas as novas vendas de soja para clientes chineses. Relembre:

GUERRA COMERCIAL

Assim como aconteceu há alguns meses, as notícias sobre as conversas entre os presidentes da China e dos Estados Unidos têm sido mais frequentes nestes últimos dias e dão conta de que ambos seguem conversando, porém, definindo quais serão suas estratégias diante dos últimos movimentos de cada um.

Nesta quinta-feira, a China já informou que precisa adotar contramedidas frente às ultimas tarifações anunciadas por Trump e que começam a valer em dezembro. Do mesmo modo, o presidente americano quer um acordo com a nação asiática, porém, “nos termos dos EUA”.

PREÇOS NO BRASIL

Neste cenário, os preços da soja brasileiro têm registrado dias consecutivos de alta e regsitrado, principalmente nos portos, patamares importantes e consideráveis. E assim, as oportunidades para os produtores nacionais também seguem mais frequentes.

Para o restante da safra velha, as referências têm se comportado entre R$ 86,00 e R$ 86,50 por saca nos principais terminais do país, enquanto para a safra nova os sojicultores já almejam os R$ 90,00.