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Comida no Brasil pode ficar mais cara com sanções, diz ministra

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que sanções econômicas podem prejudicar o fornecimento de fertilizantes de Belarus

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Inflação reduz gastos com alimentação do brasileiro

Em uma entrevista para o jornal O Estado de São Paulo, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que está trabalhando para evitar que as sanções econômicas contra Belarus, de onde sai 20% do potássio usado na agricultura brasileira, provoquem novo aumento no preço dos alimentos e prejudiquem o fornecimento de fertilizantes para a safra de verão.

Belarus atravessa uma crise. O presidente do país, Alexander Lukashenko, é acusado de permitir que pessoas do Oriente Médio entrem na Europa usando Minsk, capital de Belarus, como rota e sigam para a fronteira polonesa. Nesse cenário, a União Europeia decidiu aplicar sanções ao país.

Questionada sobre o impacto no preço dos alimentos, a ministra confirmou. “Tudo impacta, mas a gente está trabalhando antecipadamente para que não aconteça”, disse em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde participou da Expo2020.

 CRISE DE INSUMOS

Segundo a ministra, existe uma preocupação, “porque importamos de 20 países, entre eles 20% de Belarus, que vai sofrer sanções econômicas dos Estados Unidos e da União Europeia no dia 8 de dezembro. Não é que vamos ter problemas de fornecimento, mas vamos ter problemas quanto ao pagamento. É mais ou menos o que já acontece com o Irã e que traz alguns transtornos na hora do pagamento. Estamos nos antecipando a isso, conversando com outros parceiros para que a gente tenha um porcentual nas exportações de produtos, para que a gente tenha segurança que nossos fertilizantes vão chegar a tempo”, afirmou.

Ainda na entrevista, a ministra disse que o Brasil não tem problemas na safra de verão, que já está 70% plantada. “Já temos produtos chegando para a segunda safra, não há também problemas maiores, mas estamos nos antecipando para a safra de verão, que vem daqui a um ano, em setembro, outubro e novembro. Saio daqui e vou para a Rússia conversar com alguns fornecedores, para garantir que teremos 100% dos fertilizantes de que precisamos”, contou.

De acordo com o IBGE, no Brasil, a alta no preço dos alimentos foi de 12,54% no acumulado de 12 meses e de 21,39% desde o início da pandemia de covid-19.

PLANO

Em dezembro, o governo federal pretende lançar um plano nacional de fertilizantes. Segundo entrevistas anteriores,  o objetivo é reduzir a dependência do Brasil de fornecedores internacionais. Em alguns casos, a importação chega a 95% do que o país consome.

A meta, segundo o Ministério da Agricultura, é reduzir a participação estrangeira de, em média, 85% para algo em torno de 60% nos próximos 30 anos.