O assunto foi tema do estudo “Logística do Agronegócio, Oportunidades e Desafios” produzido pelo Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (ESALQ-LOG) da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ). O Estudo traça um perfil das ferrovias do agronegócio brasileiro.
De acordo com a publicação, o crescimento da infraestrutura ferroviária é fundamental para o desenvolvimento econômico do país. O Brasil tem se destacado no ambiente internacional como um importante player do agronegócio, com diversas vantagens comparativas no sistema produtivo, mas com um sistema logístico deficiente e desequilibrado de longa data. A matriz de transporte brasileira não apresenta uma efetiva diversificação. É comum observar um crescimento de infraestrutura de transporte abaixo do crescimento da produção do setor do agronegócio por longos períodos.
O setor ferroviário no Brasil tem passado por mudanças significativas nos últimos anos, desde o aprimoramento do ambiente regulatório, novas concessões e recentemente com a criação de um importante marco para o setor, a possibilidade da construção de ferrovias por parte do setor privado, mediante autorização, com a assunção de riscos por parte dos interessados, instituída pela Medida Provisória nº 1.065/2021 (Programa de Autorizações Ferroviárias).
Os investimentos ferroviários no país podem ser muito vantajosos, principalmente para o setor do agronegócio. Há uma grande demanda reprimida por transporte ferroviário no país, uma vez que existe desenvolvimento produtivo e econômico em muitas regiões, principalmente no segmento de agronegócios. O desenvolvimento dos sistemas de produção começou antes da infraestrutura logística (veja o exemplo na nova fronteira agrícola brasileira envolvendo os estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia).
As possibilidades de expansão do sistema ferroviário com as ferrovias mediante autorização são inúmeras e podem contribuir para um Brasil mais diversificado em termos de transporte, principalmente fomentando as chamadas linhas curtas (shortlines) ferroviárias, bem como o portfólio bastante robusto de concessões de ferrovias (Ferrogrão, FICO, FIOL etc.).
A expectativa que se espera é um boom de ferrovias e modernização no setor ferroviário, envolvendo short-lines e long-lines, fomentando uma ampla concorrência no setor, possibilitando que os diferentes perfis de embarcadores (pequenos, médios e grandes) possam utilizar o sistema, contribuindo com uma matriz de transporte mais equilibrada, com reduções de custos logísticos, reduções de níveis de emissões de gases de efeito estufa, reduções de acidentes e aumento da competitividade da economia brasileira.