Daqui a quatro anos, durante a safra 2028/29, as usinas de etanol de milho poderão adicionar 8 bilhões de litros ao mercado. Esta é a expectativa do BTG Pactual, apresentada pelo analista de equity do banco, Thiago Duarte, durante a Conferência NovaCana.
Em seu cálculo, Duarte leva em conta todas as novas usinas anunciadas, as em ampliação e as que já estão prontas, mas ainda possuem pendências para operarem.
O etanol de cana-de-açúcar, por outro lado, deve ter um crescimento mais tímido nas próximas safras. Assim, de acordo com ele, a participação do biocombustível fabricado a partir do milho chegaria a 40% do mercado interno.
Para Duarte, isso deve acontecer porque as usinas de etanol de milho têm um custo de produção mais baixo que as sucroenergéticas. “Estamos falando de uma competitividade de custo entre 20% e 30% melhor no milho em relação à cana, nas últimas seis safras”, explica.
Na temporada 2024/25, os gastos para fabricar o biocombustível da gramínea somaram R$ 2,54 por litro. Dentro deste valor, são considerados custos de produção de R$ 1,75/L e um capex de manutenção de R$ 1,14/L, além da dedução de R$ 0,35/L pela venda de energia.
Do lado do milho, a produção e a manutenção demandaram R$ 2,56/L e R$ 0,12/L, respectivamente, enquanto as vendas de grãos secos de destilaria (DDG) somaram R$ 0,74/L. Assim, os gastos totais contabilizados foram de R$ 1,94/L.
De acordo com Duarte, mesmo incluindo as vendas de açúcar, as margens das usinas de milho foram melhores. Ele explica que a cana exige maiores despesas com plantio e tratos dos canaviais, enquanto o milho pode ser adquirido em momentos de preços mais baixos e permanecer estocado na usina.
O analista do BTG ainda trouxe um cálculo da taxa interna de retorno (TIR) dos projetos, utilizando diferentes parâmetros de preço de etanol, saca de milho e grão seco de destilaria (DDG). O índice é de 14,8% considerando o etanol a R$ 2,90/L, o DDG a R$ 1,10 por quilo e o milho a R$ 55 por saca, em termos reais desalavancados.
“É muito convidativo. Eu conheço poucos projetos no Brasil com essa qualidade em termos de retorno implícito”, afirma Duarte.
Em relação ao uso do grão, o analista acredita que, mesmo com o maior número de usinas, não faltará matéria-prima. Segundo ele, na safra atual, o setor está consumindo 17% da produção nacional do cereal e, assumindo um incremento modesto para 145 milhões de toneladas de milho em quatro anos, o consumo chegará a 30,7% do total, ou 45,5 milhões de toneladas.
Atualmente, levando em conta os preços atuais de milho e de etanol, Duarte afirma que as margens das usinas que usam o grão se aproximam de R$ 1,50 por litro. “Em anúncios recentes, têm se falado em [investimentos equivalentes a] R$ 2 a R$ 3 por litro de capacidade. Então, são projetos que vão se pagar em menos de três anos”, detalha.