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Falta de chuva pode gerar quebra de 30% na safra de cana-de-açúcar

De acordo com o professor titular de agrometeorologia da ESALQ/USP, o fato deve ocasionar uma das piores safras dos últimos anos, com impactos no etanol e açúcar

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As usinas da região já preparam seu início de safra para esta semana, mesmo diante do atraso no desenvolvimento dos canaviais

Suze Timpani – Canasol

No ano 2020, a estiagem e o calor afetaram as lavouras de cana-de-açúcar paulistas. Os efeitos dessa condição climática poderão ser sentidos na colheita da safra de 2021.

Paulo Sentelhas, professor titular de agrometeorologia da ESALQ/USP e CTO da AGRYMET, traçou um panorama em termos de qualidade e produtividade dos canaviais da região.

De acordo com Sentelhas os canaviais do centro-sul Brasil, que engloba a região de Araraquara, vem passando por um período muito complicado no que se refere ao déficit hídrico.

“Além das poucas chuvas e altas temperaturas que promoveram intensos níveis de déficit hídrico entre março e novembro de 2020, os quais afetaram o crescimento dos canaviais no ano passado, o início de 2021 vem sendo também muito desfavorável para as lavouras de cana-de-açúcar, já que a distribuição e os volumes de chuva estão muito irregulares e abaixo do normal.

Ainda de acordo com o professor essas condições devem gerar umas das piores safras dos últimos anos, com quebras de produtividade em relação à safra 2020-21 estimadas entre 5% e 30%.

“Os maiores impactos deverão ser para as canas de início e meio de safras, mas caso as chuvas continuem irregulares, isso também afetará a produtividade das canas de final de safra. A expectativa a partir de agora é em relação a como será o inverno. Caso seja igualmente seco ao ano de 2020, com certeza haverá impactos muito negativos na produção de cana e, consequentemente, de açúcar e etanol”, ressaltou o professor.

FALA PRODUTOR

Desde o ano passado chuvas irregulares preocupam produtores de toda região.

Marcelo Moraes produtor de cana na região de Tabatinga, acredita que a quebra na safra deste ano em relação a 2020, deve ficar em torno de 25%, já na cana soca pode chegar aos 30%.

“Fevereiro de 2021 choveu cerca de 100 milímetros, em 2020 que foi um ano com grande déficit hídrico chegamos a marca de 250 milímetros”, ressaltou o produtor de acordo com o pluviômetro de sua fazenda.

As usinas da região já preparam seu início de safra para esta semana, mesmo diante do atraso no desenvolvimento dos canaviais.

BOLSA

O déficit hídrico nos canaviais também muda o humor da bolsa de valores. ​As cotações futuras do açúcar encerraram a sessão desta segunda-feira (05) com alta moderada na Bolsa de Nova York, depois de quatro sessões seguidas no vermelho. O mercado teve suporte das preocupações com a previsão de menores volumes de chuva no cinturão do Brasil.

O principal vencimento do açúcar na Bolsa de Nova York encerrou o dia com valorização de 0,88%, cotado a US$ 14,84 c/lb, com máxima no dia de 14,96 c/lb e mínima de 14,69 c/lb.