O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), avalia que há uma grande crise em iminência, ou já ocorrendo, no setor agropecuário.
“É uma situação extremamente preocupante e não se trata exclusivamente da quebra de safra por clima, há também uma questão mercadológica porque os preços da soja e do milho hoje não pagam o custo de produção. Essa crise precisa ser contida de alguma maneira”, afirmou Lupion em coletiva de imprensa, em Brasília (DF), após reunião semanal da bancada ruralista.
De acordo com ele, a contenção da crise passa pela renegociação das dívidas dos produtores rurais, pela prorrogação das operações de crédito rural e por políticas de apoio à comercialização dos grãos.
“Ela precisa ser contida pelo Ministério da Agricultura, com garantia de preço mínimo, apoio à comercialização, por meio das instituições financeiras, com possibilidade de antecipação de pagamento aos produtores. Mas acho que não iremos escapar de uma prorrogação de dívidas porque os produtores estão endividados”, observou.
Ainda segundo Lupion, os produtores rurais vêm freando investimentos com os baixos preços dos grãos. “Soja comercializada a R$ 90 a saca não estava nem nos piores pesadelos do produtor rural. Há alguns meses, a soja estava a R$ 140 a saca, R$ 150 a saca”, destacou.
Ele ainda acrescentou: “Há necessidade de o governo entrar firmemente, com protagonismo, para buscar solução para a crise do produtor rural, principalmente das dívidas dos produtores. Há necessidade clara de adiamento do pagamento das dívidas”.
De acordo com o presidente da FPA, a pauta já está sendo tratada com o Ministério da Agricultura. O assessor especial do ministro da Agricultura (Carlos Fávaro), Carlos Ernesto Augustin, participou da reunião da frente nesta terça-feira.
“A solução é financeira. Precisamos buscar soluções dentro da Esplanada para que o produtor consiga ter algum alento neste período. É preciso participação do governo dado o impacto forte dessa crise na economia, na logística, na geração de emprego e renda”, pontuou Lupion, citando que os recursos planejados para o seguro rural continuam aquém do necessário pelo setor. “Estamos acostumados a ver o agronegócio puxando a economia e acho que não conseguiremos ver isso neste ano”, avaliou.
Segundo o presidente da FPA, ainda não é possível estimar o volume e o valor dos financiamentos rurais da safra 2023/24 a ser renegociado, em virtude de a colheita da safra de soja estar em andamento, enquanto o milho ainda está sendo plantado. “A região do Matopiba está indo bem, mas Sul e Sudeste estão ruins. É preciso essa média para fazer a conta, mas não será pouco”, acrescentou.
