Algumas regras do leilão do programa Ecoinvest para investimento em recuperação de áreas degradadas fizeram surgir divergências no governo. A principal delas é sobre os juros dos financiamentos. A promessa é que os empréstimos cheguem ainda a taxas de um dígito aos produtores.
“Estamos animados porque tiramos o programa do papel, mas o juro ainda é uma incógnita. Entendíamos que taxas baixas eram uma condição necessária para tanta sustentabilidade que se exige, mas não sabemos como ficará”, disse ao Valor Carlos Ernesto Augustin, assessor especial do Ministério da Agricultura e presidente do Comitê Executivo do programa de conversão de áreas degradadas.
O Ministério da Agricultura queria a definição de um teto para a taxa final ao produtor, na faixa entre 6,5% a 8% ao ano, e que a partir disso as instituições financeiras disputassem espaço no leilão do Ecoinvest. Dessa forma, os juros ficariam mais próximos da taxa da linha do RenovAgro do Plano Safra, que é atualmente de 7%, mas que deve subir a partir de julho.
O Tesouro Nacional, gestor do Ecoinvest, aplicou outro método para eleger os vencedores do leilão para a linha de blended finance, que mistura recursos públicos e privados. A definição será de acordo com o nível de alavancagem (contrapartida de recursos próprios e de outras fontes para compor o saldo total a ser operacionalizado) e com a área em hectares que os bancos pretendem recuperar a partir dos financiamentos.
Os juros serão livres, definidos pelas instituições vencedoras. “Não gostei”, resumiu Augustin. “Não quero criticar antes mesmo de o programa começar. Mas esse é um começo, vamos olhar tudo e, na segunda edição, podemos corrigir se algo der errado. Não estou tão preocupado assim. Esse dinheiro é finito, e outras edições vão acontecer”, acrescentou.
Segundo os cálculos da equipe econômica, as linhas sairão a 9% ao ano, disse Augustin. Os juros ainda estariam em um patamar que o ministério considera aceitável.