A balança comercial do agro deste mês já apresenta sinais de retração em alguns produtos, como o café, mas a tendência geral do setor foi de alta no volume geral enviado para o mercado externo em relação a julho.
As exportações de café, que eram de 7.001 toneladas por dia útil em julho, recuaram 13% no início deste mês, conforme dados divulgados nesta segunda-feira (11) pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Os Estados Unidos são o principal destino do café brasileiro, que recebeu tarifa de 50% nas exportações.
Os preços médios da tonelada do produto exportado pelo Brasil nesse período, conforme os dados da Secex, caíram 2%.
Já a carne bovina, que tem os Estados Unidos como o segundo maior mercado para o Brasil, teve um avanço de 11% nas exportações médias diárias da segunda semana deste mês, em relação à média de julho. As exportações se referem a todos os parceiros comerciais do Brasil nessa cadeia e somaram 13,4 mil toneladas diárias.
A balança comercial do agronegócio recebeu, ainda, o incentivo do açúcar. As vendas médias diárias deste mês subiram para 182 mil toneladas, 20% acima das de julho. Os exportadores de arroz também aproveitaram o bom momento do mercado externo e colocaram 4.725 toneladas por dia no mercado internacional, 28% a mais do que em julho.
O momento é bom para as proteínas. Além do melhor desempenho da carne bovina, a de frango e a suína obtiveram um volume maior exportado. A carne de frango continua mostrando recuperação, após o primeiro caso de gripe aviária. O setor colocou uma média de 18,8 mil toneladas de carne “in natura” por dia útil no mercado externo até a segunda semana deste mês, 15% a mais do que em julho. A suína também subiu 15%.
As exportações de soja, ainda com bom volume, começam a perder ritmo. Diminuem as vendas externas da oleaginosa, mas crescem as de milho. As vendas externas do cereal neste início de mês superam em 28% as de igual período de 2024. O lado negativo da balança foi o suco de frutas, segundo a Secex. As vendas externas diárias foram de 5.978 toneladas, queda de 35% em relação ao mesmo período de julho.
A busca por outros mercados para os produtos que recebem o tarifaço de 50% nos Estados Unidos não será fácil. A América do Norte, puxada pelas importações de carne bovina brasileira, teve um aumento de 16% nos gastos gerais de janeiro a agosto deste ano, em relação aos de igual período de 2024.
A Ásia, potencial substituta dos americanos, gastou US$ 49,6 bilhões no Brasil de janeiro a julho, 2% a menos do que nos mesmos meses do ano passado. A queda ocorre porque o bloco econômico asiático despendeu mais em carne, mas pagou menos pela soja brasileira.
As compras chinesas de café do Brasil, após um salto em 2024, perderam um pouco de ritmo neste ano, embora ainda continuem bem acima das do mesmo período de 2020, quando os chineses aceleraram as compras no Brasil. O Vietnã, que também vem comprando mais produto brasileiro, deve diminuir o ritmo, uma vez que está com safra superior a 31 milhões de sacas.
A saída para o café brasileiro chegar aos Estados Unidos pode ser pela União Europeia, mas o bloco comprou um volume 22% menor de produto no Brasil neste ano, embora tenha gasto 39% a mais, devido ao aumento dos preços.