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Oferta da Ucrânia e garantias russas do acordo de exportações ainda são improváveis

Instalações portuárias da Ucrânia foram bastante danificadas

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Instalações portuárias da Ucrânia foram bastante danificadas (Foto: REUTERS/Alexander Ermochenko)

Tanto quanto é improvável prever o tempo de duração da guerra na Ucrânia, que meio mundo achava que a Rússia liquidaria a fatura em pouco tempo, o potencial de exportações de grãos do país e mesmo o cumprimento do acordo para liberação de um corredor no Mar Negro também são improváveis.

Dado todo o cenário, o resultado esperado das negociações costuradas pela Turquia parece até estar sendo superestimado, e os tombos de 6,29% do trigo (US$ 7,55) e de 2,22% do milho (US$ 5,62) podem começar a ser corrigidos nos próximos dias quando a situação ficar mais clara.

Tirando o fato de que é prematuro confiar na boa vontade da Rússia, que pode voltar atrás se o Ocidente não relaxar as sanções econômicas e seguir municiando a Ucrânia com armas, eis alguns pontos de dúvida sobre a real capacidade da oferta do país invadido.

1) O potencial de 19,5 milhões de toneladas de trigo (32 milhões da safra de 2021) e de cerca de 25 milhões/t de milho, em média vista pelo USDA e pelo governo ucraniano, parte de uma verificação prejudicada pelas condições impostas pela própria guerra. Muitas lavouras foram comprometidas na reta final de desenvolvimento e na colheita, campos foram abandonados, a logística foi seriamente danificada e as informações recolhidas para a montagem desses números certamente não teve um fluxo normal.

2) A infraestrutura de transporte e armazenagem, especialmente entre as regiões produtoras e os terminais portuários do Mar Negro, também está deteriorada, além disso há poucas garantias de que o corredor a ser liberado pela Rússia vá ser respeitado em terra também. O risco de ataques permanece presente, sobretudo nas regiões já dominadas por Moscou e pelos separatistas na quase totalidade da metade Leste da nação.

3) Outra dúvida sobre a capacidade de oferta virá das decisões dos armadores e seguradoras. A Rússia e a Turquia garantem que o corredor marítimo estará livre de minas aquáticas, mas a varredura não é tão simples assim e leva mais tempo, como já foi destacado pela International Maritime Organization. (Money Times)