A análise de viabilidade de uma usina de etanol de milho considera, dentre outros fatores, a quantidade de biomassa que será necessária para a operação da planta industrial, as possibilidades para aquela localidade e os custos que serão demandados. Desde o início da expansão do segmento, este é considerado um dos principais gargalos para novos investimentos.
Em 2019, o então presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Ricardo Tomczyk, já comentava o tema. Segundo ele, algumas companhias encaravam a possibilidade de faltar eucalipto e buscavam outras soluções, como o cavaco de serraria, o caroço de algodão e a casca de arroz. “É um fator que gera uma oportunidade, mas também uma preocupação”, disse.
Seis anos depois, em 2024, o CEO da CerradinhoBio disse ao NovaCana que a disponibilidade de biomassa é uma “equação importante” para projetos de etanol de milho. “Via de regra, uma tonelada de milho processada demanda meia tonelada de biomassa de cavaco. Acho que isso é um desafio que temos que superar caso a caso, região por região”, afirmou Renato Pretti.
Essa característica regional da busca por soluções também é apontada pelo diretor comercial da ComBio, Ricardo Blandy. De acordo com ele, quanto mais o setor se expande pelo país, mais ele precisa ser flexível em relação às biomassas adotadas.
“Hoje, além do cavaco e dos derivados de serraria, temos visto uma maior utilização de bagaço de cana e de casca de arroz. Também estamos enxergando o caroço de açaí e o bambu – algumas empresas já têm volumes grandes de bambu”, cita.
A ComBio, que opera caldeiras a biomassa para indústrias de diversos segmentos, trabalha atualmente com 14 tipos de matéria-prima. “Quanto mais longe você está das regiões mais aptas ao eucalipto, maior é a discussão”, relata Blandy.