Em 2018, onças pintadas mataram 962 cabeças de gado nas pastagens de uma fazenda de Mato Grosso. Problema? Ao contrário, solução.
A presença dos felinos é uma indicação da qualidade da biodiversidade das matas de uma propriedade. O resultado foi que, esse fato, associado a uma série de boas práticas na fazenda, levaram o fundo holandês &Green a se interessar pela atividade que a fazenda desenvolve. O fundo acaba de fazer um pacto financeiro com ela.
A fazenda é a Roncador, localizada no município de Querência (MT) no Vale do Araguaia. Ela terá um financiamento de US$ 10 milhões (R$ 50 milhões) do fundo, com juros de 2,95% ao ano, bem abaixo do patamar de mercado.
Há uma década, ela apresentava desgaste do solo e a atividade agropecuária já não tinha mais lucratividade.
Com gestão, tecnologia e sustentabilidade houve uma drástica evolução da produtividade, que hoje supera em 41 vezes a dos tempos de solo degradado, diz Pelerson Penido Dalla Vecchia, presidente do Grupo Roncador.
As vantagens do empréstimo são o período de oito anos para o pagamento e a taxa de juro de 2,95% ao ano. Esse é o primeiro empréstimo no Brasil feito pelo fundo, que já tem outros dois projetos ligados a borracha na Indonésia.
Entre as cláusulas do contrato estão a recuperação de pastagens degradadas, a proteção de 70 mil hectares de mata nativa e a recuperação e 200 hectares de floresta.
A fazenda, que mantém um viveiro com 44 mil mudas de espécies nativas, foi a primeira no país a obter o certificado de proteção das onças pintadas.
Dessa forma as 962 cabeças de gado abatidas por Onças em 2018 ao invés de prejuízos reverteram capital para a Fazenda se estruturar e voltar a ter lucros com suas atividades.