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Setor sucroenergético direciona mais cana para a produção de açúcar

O litro do etanol hidratado com imposto está sendo comercializado pelas usinas a R$ 1,06, o que equivale a um açúcar de 7,81 centavos de dólar por libra-peso

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Já antes da queda drástica de consumo de combustíveis com o isolamento social, provocado pela pandemia do Coronavírus, estava nos planos do setor sucroenergético direcionar, nesta safra 2020/21, mais cana para a produção de açúcar.  Atitude tomada pela profunda queda do preço de petróleo e por um mercado mais atrativo para o adoçante, por causa de menor estoque mundial e quebra de safra na Tailândia.

Esse cenário incentivou o setor a mudar o mix de produção, que na região Centro-Sul do Brasil, nas últimas duas safras, direcionou 35% da cana para a produção de açúcar – nesta safra a previsão está em torno de 46%.

No entanto, o preço internacional do açúcar também está em queda, já bateu a casa dos 9 centavos de dólar por libra-peso. Mesmo assim, segundo Luiz Paulo Sant’Anna, diretor Geral da Cevasa, unidade sucroenergética da Cargill, em Patrocínio Paulista, SP, o preço do açúcar ainda está mais remunerador que o do etanol.

“Por exemplo, com um valor de 9,83 centavos de dólar por libra-peso, com um dólar a R$ 5,38, o preço do açúcar sai a R$ 2,05, enquanto o litro do etanol hidratado com imposto está saindo a R$ 1,06. Para o açúcar se equiparar ao valor que está sendo pago pelo etanol, a remuneração da libra-peso deverá ser de 7,81 centavos de dólar, o que equivale a R$ 800 a tonelada do açúcar, preço menor que nosso custo de produção”, observou Sant’Anna durante webinar promovido pela União Nacional da Bioenergia (UDOP), realizado no último dia 23 e que debateu o tema: “Maximizando a produção de açúcar sem investimentos em novos equipamentos.

De acordo com a Job Consultoria, nesta safra, a produção de açúcar do Centro-Sul do Brasil somará 37,5 milhões de toneladas, versus 26,73 milhões na temporada anterior. A fabricação de etanol de cana da região de cairá para 25 bilhões de litros, ante 31,6 bilhões na safra passada. A exportação de açúcar do país na temporada recém-iniciada no centro-sul brasileiro está prevista em 29,80 milhões de toneladas, versus 19,44 milhões de toneladas na safra passada.

Para Sant’Anna, se o Centro-Sul produzir 36 milhões de toneladas de açúcar, irá equilibrar o estoque de etanol. No entanto, mudar a chave para direcionar 12% de cana a mais para a produção de açúcar, exige que as unidades sucroenergéticas redesenhem seu plano de safra e preparem suas fábricas. “É necessário fazer um planejamento em todo o processo, do preparo do caldo até a secagem”, alerta do Diretor Geral da Cevasa.