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Sob nova direção, Usinas Itamarati deve investir em etanol de milho e biogás

Atual presidente da companhia acredita que modelo de negócio tradicional das usinas de açúcar e etanol está ultrapassado

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Dívidas com a União, de R$ 1,2 bilhão, foram inseridas em programas de refinanciamento (Refis) e reduzidas a R$ 450 milhões

Após ter passado oito anos à venda, a Usinas Itamarati começa a enxergar um novo horizonte. De acordo com reportagem publicada pelo Valor Econômico, um grupo de investidores, reunidos pelo fundo de private equity CVC IB, assumiu o controle da companhia e planeja investir.

Segundo o presidente da companhia, José Arimatea Calsaverini, serão duas levas de investimentos, totalizando R$ 500 milhões. A primeira delas – de R$ 200 milhões – envolve uma unidade de processamento de milho para produção de etanol e farelo para ração, além de uma fábrica de leveduras para nutrição animal.

Ainda conforme a reportagem, o valor será obtido por meio de financiamentos e a perspectiva é que as obras estejam concluídas dentro de dois anos. A unidade processadora de milho terá capacidade para produzir anualmente até 300 milhões de litros de etanol por ano e 95 mil toneladas de DDGs (Dried Distilled Grains).

Na sequência, está prevista uma planta de biogás e aportes para aumentar a moagem de cana e a cogeração de energia, que deve sair de 60 gigawatt-hora (GWh) por ano, para 300 GWh ao ano. Conforme a reportagem, essa fase ainda está sendo estudada e pode contar com um “sócio estratégico”.

Neste caso, o investimento previsto é de R$ 300 milhões. O biogás, inicialmente, será utilizado para a geração de eletricidade, mas também é considerada a fabricação de metano, que pode ser usado como um substituto do diesel. O investimento inclui ainda a ampliação da planta de cogeração de energia a partir de bagaço de cana, que hoje consegue vender.

Além disso, a companhia também planeja investimentos anuais de R$ 60 milhões para a renovação dos canaviais. De acordo com a Usinas Itamarati, o rendimento atual é de 94 toneladas por hectare, mas o objetivo seria chegar aos três dígitos.

“A usina é um modelo de negócio que está sendo superado não só pelas novas tecnologias, mas pelas novas oportunidades”, afirmou Calsaverini em entrevista ao Valor Econômico. “Temos a intenção de nos chamar de biorrefinaria, que processa matérias-primas de origem vegetal em produtos de energia, alimentação e insumos industriais”.

DÍVIDAS SEGUEM, MAS MENORES

Conforme a reportagem, para adquirir a usina, o fundo fez uma renegociação com os bancos credores e comprou R$ 2 bilhões em dívidas financeiras da empresa, conversíveis em ações, no primeiro trimestre deste ano. O valor é equivalente a R$ 320 por tonelada de cana de capacidade instalada, ou quase US$ 80.

Além disso, a reportagem do Valor Econômico aponta que as dívidas com a União, de R$ 1,2 bilhão, foram inseridas em programas de refinanciamento (Refis) e reduzidas a R$ 450 milhões. Com isso, as dívidas da Usinas Itamarati somam, atualmente, R$ 850 milhões.