Segundo um estudo publicado na revista Urban Forestry & Urban Greening, muitos fatores podem influenciar e aumentar o risco de queda de árvores – a altura dos prédios no entorno, a idade do bairro, a largura da calçada e a altura das árvores, por exemplo. Estes fatores, em adição às chuvas exacerbadas que se mostram mais ocorrentes, ocasionam um grande transtorno para a cidade.
Com o intuito de sanar tais problemas, pesquisadores da Universidade de São Paulo desenvolveram um software que busca indicar e recomendar podas saudáveis para árvores, assim evitando futuras consequências com quedas de árvores.
Segundo Emílio Carlos Nelli Silva, professor do Departamento de Engenharia Mecatrônica e Sistemas Mecânicos da USP e vice-diretor científico do RCGI, centro de pesquisa sediado na Escola Politécnica da USP, o software funciona baseado em um sistema de escaneamento das árvores. “Realizamos o escaneamento da árvore para você poder ter a arquitetura da árvore, colocar isso no computador, transformar isso em um modelo computacional que possa ser inserido no algoritmo”, explica. A partir desse processo, o software avalia as condições dos fatores naturais, como vento e chuva, assim sugerindo a poda correta para a árvore estudada.

BENEFÍCIOS
As podas podem contribuir de forma positiva na diminuição das quedas de árvores. Segundo Nelli, ao longo do ciclo da vida, as árvores estão sujeitas a muitos “carregamentos”, ou seja, influência de vento, peso e outros fatores. O pesquisador ressalta que essas influências fragilizam as árvores e que, quando podadas de maneira incorreta, sua estrutura acaba tornando-se instável, o que possibilita mais quedas. “O algoritmo vai exatamente permitir a gente realizar essa poda de uma forma inteligente, de forma que você mantenha esse equilíbrio e essa condição otimizada da árvore.”
PÚBLICO-ALVO E PRÓXIMOS PASSOS
Em março de 2025, fortes chuvas atingiram a cidade de São Paulo. Quedas de energias, desabamentos e 330 árvores caídas foram alguns dos resultados em apenas um dia de transtorno. Por isso, em relação ao público-alvo, o pesquisador ressalta o direcionamento às Prefeituras e setores privados. A inovação encontra-se na fase de automação dos processos e, segundo o professor, está considerando a quantidade de árvores presentes na cidade de São Paulo. “Estamos fazendo escaneamento com drones e veículos das árvores, desenvolvendo técnicas específicas de como você fazer esse escaneamento da forma mais rápida possível”, detalha. (Yasmin Teixeira)