Nos próximos dez anos, mais que de discursos precisaremos de atitudes para atender às grandes necessidades do século 21. De um lado, produzir alimentos para uma população que será maior e mais rica – até 2030 o mundo terá mais cerca de 1 bilhão de pessoas do que hoje. A chamada classe média mundial será maior, o que vai elevar o consumo de alimentos, especialmente de proteínas. De outro, temos a necessidade de reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) e conter o aquecimento global, o que exige preservação da vegetação nativa e outras medidas. Objetivamente, o que os dados mais recentes comprovam é que não existe melhor resultado do que o que tem sido obtido pelo Brasil, pelos agricultores brasileiros, pela pesquisa e inovação do nosso agronegócio.
Nos últimos 40 anos a produtividade do trigo, arroz, milho, soja e feijão chegou a triplicar. Há 50 anos o Brasil importava alimentos. Hoje é líder mundial na produção de soja, café, suco de laranja e açúcar, fruto de ganhos de produtividade, inovação e modernização agrícola. É líder global na exportação de carne bovina e de frango.
A produção brasileira se dá numa área cultivada que é igual às áreas cultivadas da Espanha e da França somadas. Tecnicamente, estamos falando de quase 64 milhões de hectares. Os quatro maiores países em área cultivada no mundo – Índia, Estados Unidos, China e Rússia – ocupam, cada um, mais que o dobro da área dos agricultores brasileiros. Mais relevante ainda: enquanto países da União Europeia usam de 45% a 65% de seu território para a agricultura, o Brasil ocupa apenas 7,6% com a lavoura.
Responsável por 20% do PIB do agronegócio brasileiro, o agro de São Paulo é o mais diversificado e tecnológico do Brasil. Além da produção de açúcar e suco de laranja, em que o Estado é líder global, São Paulo tem uma produção relevante de carne, etanol, café, milho e produtos de base florestal, como papel, celulose e madeira. A produção agrícola paulista é uma grande demonstração de força do empreendedorismo de pequena, média e grande escalas.
No setor de hortaliças, por exemplo, o agronegócio paulista consegue produzir muito, com qualidade e segurança, fornecendo alimento para os lares de todo o Brasil e também para o exterior. Trata-se de um setor intensivo, que gera renda para as populações mais vulneráveis e leva desenvolvimento às regiões mais pobres, que florescem em torno do agro.
Desde o início do mês, zeramos o ICMS para frutas, verduras e hortaliças embaladas, um incentivo para cerca de 50 mil produtores. Estamos oferecendo a eles mais condições para agregar valor e aumentar a receita, reconhecendo a importância do trabalho de quem limpa, lava e embala seu produto. Essa é uma demonstração do que o governo pode fazer para atender a quem inova e empreende, reduzindo custos de produção e melhorando a qualidade das frutas, verduras e hortaliças oferecidas aos consumidores.
O agronegócio paulista promove a preservação ambiental e nela investe. É o grande responsável pela recuperação das áreas de nascentes e mananciais e pelo aumento da recuperação da vegetação nativa. Graças aos produtores rurais, a cobertura vegetal vem aumentando ano a ano e hoje atinge 23% da área do Estado. Esse porcentual demonstra que é possível manter elevado o índice de produção agrícola com preservação do meio ambiente. É assim que trabalhamos em São Paulo.
Nosso Estado está preparado para dar um novo salto de qualidade no agronegócio. No Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, recebi o presidente mundial do Grupo RGE (Royal Golden Eagle), Anderson Tanoto, que manifestou interesse em investir R$ 7 bilhões no interior paulista para a produção de celulose de alta tecnologia. Há poucos dias o mesmo executivo esteve no Palácio dos Bandeirantes para confirmar o projeto. Do ponto de vista da sustentabilidade, a celulose de alta tecnologia será produzida exclusivamente com florestas plantadas do Estado de São Paulo.
A nova fábrica do grupo deverá criar até 7 mil empregos diretos nos próximos 30 meses. Os empregos e os investimentos levarão para o interior de São Paulo não só a fábrica de celulose e o aumento do cultivo de eucaliptos, mas também maior consumo nas pequenas cidades, promovendo o comércio, os serviços, o mercado imobiliário e todos os demais setores da economia paulista.
É papel do governo transformar esse potencial multiplicador do agronegócio de São Paulo em realidade, atraindo investimentos, nacionais e estrangeiros, e garantindo aos investidores segurança jurídica para plantar, produzir e instalar agroindústrias que possam empregar paulistas e brasileiros de todas as partes.
O novo salto do nosso agronegócio pressupõe marcos jurídicos claros, desburocratização, previsibilidade e estabilidade, pilares que foram fortemente abalados sob a gestão do PT, que pôs a ideologia à frente dos interesses do Brasil, até mesmo impondo ao investimento estrangeiro barreiras, restrições e discriminação incompatíveis com o interesse nacional de melhorar a vida das pessoas. Basta ver a restrição à aquisição de terras por empresas brasileiras controladas por estrangeiros.
Ao reverter esses impasses criados para o investimento estrangeiro no agronegócio, teremos como consequência o aumento da produção e da exportação de açúcar, etanol, celulose, suco de laranja, carnes, ovos, verduras, hortaliças, cosméticos, têxteis e todos os produtos produzidos a partir do pujante agronegócio brasileiro. Vamos produzir, vender e exportar com ousadia, tecnologia e respeito, mas com proteção ao meio ambiente.
As ações de São Paulo, do Brasil e dos nossos agricultores são vitais para a segurança alimentar do nosso país e do mundo. E precisam ser vistas como modelo de preservação ambiental. O que o Brasil faz nessas duas áreas nenhum país do mundo fez.
João Doria
Fonte: O Estado de S. Paulo
Governador do Estado de São Paulo