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Venda de etanol na China abre oportunidades ao Brasil

Medida anunciada pelo governo do país asiático, mesmo sem uma frota de carros flex ou movidos a etanol, deve desencadear investimentos privados.

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Em 2020, a queda na demanda interna por etanol [no Brasil] foi compensada financeiramente pela maior demanda de açúcar no mercado externo

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) vê oportunidades para o Brasil, no médio e no longo prazo, com a autorização de venda de etanol puro nos postos de combustíveis na Índia, conforme anúncio pelo governo nesta quinta-feira, 25. A medida, mesmo sem uma frota de carros flex ou movidos a etanol, deve desencadear importantes investimentos privados.

“A princípio a demanda por etanol na Índia deve ser suprida pela oferta local e, se houver uma necessidade de importação, ela deve surgir mais no médio e longo prazo. Na perspectiva do setor sucroenergético brasileiro, o principal ganho é o fortalecimento do etanol como agente de descarbonização e combate às mudanças climáticas”, disse ao Notícias Agrícolas o diretor executivo da Unica, Eduardo Leão de Sousa.

“O etanol reduz em até 90% as emissões de gases de efeito estufa e praticamente zera a emissão de material particulado e outros poluentes altamente nocivos à saúde em comparação com a gasolina. Diversas cidades indianas estão no topo do ranking de localidades com pior qualidade do ar. Assim, a mistura de etanol anidro prevista para chegar em 20% na gasolina em 2025 e a adoção do etanol hidratado podem contribuir muito para reverter esse quadro”, complementa Sousa.

Para Sousa, o anúncio da Índia é um passo importante para a ampliação da oferta de biocombustível de baixo carbono e também a possibilidade para o país de uma transição mais rápida de sua matriz.“Observamos que o futuro da mobilidade será múltiplo, com diversas tecnologias convivendo e é essencial que os donos de veículos com motor a combustão tenham a opção de escolher por um combustível limpo e com baixa pegada de carbono, como o etanol de cana-de-açúcar”, afirma.

No Brasil, sete anos após o lançamento do veículo flex, 50% da frota já era composta pelo modelo e, atualmente, esse cenário é uma realidade no país. “Essa nova medida deverá implicar, portanto, no fortalecimento da nossa cooperação e na criação de novas perspectivas para o setor tanto na Índia quanto no Brasil”, destaca o diretor executivo da Unica.

O Brasil pode se beneficiar mais rapidamente com a decisão indiana por meio da transferência de tecnologia para a Índia, já que lida com o biocombustível há anos e os indianos precisariam de adequações em suas unidades de processamento para a produção de etanol.

As indústrias de veículos também deverão ser beneficiadas.“Na perspectiva de transferência de tecnologia, é algo natural, já que muitas montadoras que fabricam carros e motos flex-fuel aqui têm operações em solo indiano”, afirma Sousa.

Atualmente, mais de 80% do petróleo consumido na Índia precisa ser importado, segundo projeções da Unica. Com a autorização de venda do etanol puro, a Índia, segunda maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, terá uma maior segurança energética e estabilidade no seu mercado de combustíveis, além do impacto positivo sobre a balança comercial.

“Em 2020, a queda na demanda interna por etanol [no Brasil] foi compensada financeiramente pela maior demanda de açúcar no mercado externo”, destaca Sousa, fazendo referência à flexibilidade de produção que os produtores podem ter com etanol e açúcar.Após discutir nos últimos meses um plano para lançar veículos movidos por gasolina misturada com 20% de etanol até 2025, ante uma mistura entre 5% e 6% atualmente, a Índia anunciou nesta quinta-feira, por meio do Ministério do Petróleo, Gás Natural e Aço, a decisão de que liberaria empresas de petróleo e de distribuição de combustíveis comercializem etanol puro (E100).

Fonte: Notícias Agrícolas