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A luta das mulheres e Araraquara (*)

Por Domingos Carnesecca Neto

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Dia Internacional da Mulher, 8 de Março,  é um dia de luta, simbolizado pelo massacre de mulheres numa indústria têxtil de New York/EUA, em 1911. Porém diversas lutas sindicais no início do século XX serviram para que esta data passasse a ser comemorada, conforme deliberação da 2ª Conferência das Mulheres Socialistas realizada em 1910, posteriormente a ONU em 1975 oficializou esta data.

Para simbolizar a força da mulher guerreira e engajada na luta política e social quero homenagear algumas mulheres que fizeram história em Araraquara:

Dona Olinda Othon Montanari, dona de casa, militante contra a carestia – o aumento do custo de vida,  nos anos 50 do século passado, lutadora política na campanha O Petróleo é Nosso, primeira vereadora mulher da história de Araraquara – exercendo mandato no período entre 1956/1960, militante comunista que no final dos anos setenta liderou a campanha pela Anistia e pelo Fim da Ditadura Militar. Faleceu em 2016, aos 93 anos de vida, sem nunca ter abandonado sua militância, filiada que estava ao PCdoB.

Professora Heleieth Maria Bongiovani Saffioti, intelectual reconhecida no Brasil e no exterior pela sua contribuição ao entendimento do papel da mulher na sociedade e suas lutas, sob uma perspectiva da interpretação teórica marxista. Exerceu suas atividades docentes na antiga Faculdade de Filosofia da UNESP Araraquara. Viúva do professor Waldemar Saffioti, doou à universidade a chácara onde moraram por muitos anos, o mesmo local onde Mario de Andrade escreveu o livro “Macunaíma”, e hoje é o Centro Cultural da Chácara Sapucaia. Faleceu em 2010 aos 76 anos de idade.

Enfermeira Luiza Augusta Garlipe, a Tuca, nascida em Araraquara, filha de um ferroviário da EFA e uma dona de casa, formada pela USP, foi enfermeira-chefe do Departamento de Doenças Tropicais do Hospital da Clínicas,  e sempre uma lutadora inconformada com as mazelas do povo brasileiro se engajou no PCdoB indo participar da chamada Guerrilha do Araguaia, onde atendeu como parteira as camponesas locais e também os guerrilheiros feridos, nestas atividades foi assassinada pelo exército brasileiro aos 33 anos em 1974.

Que as mulheres do Século XXI, que lutam contra a discriminação e pela igualdade de gêneros, se inspirem nas lutas travadas no passado, e, nesta nossa triste realidade, se engajem contra a barbárie (o governo Bolsonaro e a pandemia) e a favor da civilização (a Democracia e a vacinação de todo o povo).

Viva a Luta das Mulheres !!!!!

(*)Domingos Carnesecca Neto, economista, professor universitário aposentado, fundador e ex-vereador do PT 1983/1992.

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR