Home Artigo

A verdadeira facada

Por Luís Grottera

942

Na minha forma de ver, a questão central na política brasileira hoje é o que vai acontecer com o combate à corrupção. Digo isso porque penso que todas as demais estão vivendo da dependência desse embate.

Pela minha percepção o país está dividido em 3 grandes blocos, a esquerda (onde o PT continua preponderante), a direita (onde o bolsonarismo é preponderante, mas existem diferentes matizes mais ao centro) e um grupo majoritário, formado por amplos segmentos da sociedade, especialmente nos segmentos das classes Alta baixa, Média e Baixa Alta, pessoas mais da área urbana, profissionais que atuam em segmentos empresariais modernos e dinâmicos, que têm diferentes posições políticas em torno do Centro e que não tem como prioridade a ideologia de um dos dois extremos. Pelo contrário, tem outra prioridade não ideológica.

Acreditam que enquanto não: 1) Aumentar o nível de competência no poder público; 2) Diminuir o tamanho do Estado e mudar sua gestão para coibir privilégios inaceitáveis e 3) Não reduzir a níveis civilizados a corrupção no país, nada vai funcionar e nada vai dar certo.

Acho que foi esse bloco que decidiu a eleição. A maioria dele optou por Bolsonaro. Não por acreditar nele. Mas por dois motivos: 1°) Em Bolsonaro havia uma esperança, em Haddad a absoluta certeza de que cada vez ficaríamos mais distante dos 3 objetivos acima; 2°) Bolsonaro tinha uma bandeira da qual nunca deixou dúvida: o combate a corrupção. Haddad implicitamente era o “Lula livre”.

Aí vem o golpe de morte na esperança: a divulgação da maracutaia no gabinete de Flávio Bolsonaro. Uma facada no presidente eleito, que muda por completo seu norte. A prioridade é defender o 01. Dane-se o país e sua campanha política. Não é por acaso que corre o risco de perder uma de suas pernas, Sérgio Moro.

Isso explica porque estamos enfrentando o ataque mais duro e eficaz contra o combate a corrupção no Brasil. E a leitura é simples: esse é o interesse de forças políticas divergentes e que somadas tem poder para isso: o bolsonarismo, as esquerdas (muitíssimo em particular o PT) e todo eixo de poder do velho Brasil (representado pelo Centrão e suas adjacências). Claro que com apoio explícito de figuras da Justiça, diretamente intere$$adas em encerrar esse ciclo de investigações.

Inimaginável que apenas 8 meses de poder pudessem colocar os desejos do PT e de Bolsonaro no mesmo barco.

* Luís Grottera, consultor de Empresas, 40 anos de atuação em Branding, Marketing e Comunicação

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR