Trazia uma ideia de atrair uma bela soma de divisas, que o Brasil, na ocasião, precisava em função da primeira crise do petróleo, a custo zero, que seria a concessão de residência a quem investisse um milhão de dólares no Brasil, o que era uma bela soma para a época.
Mas o público-alvo eram milionários de Taiwan, sob ameaça na guerra fria, e África do Sul, com os movimentos para a tomada do poder pelos discriminados pela política de segregação social que ganhavam força.
Nacionalistas prestigiados no governo Geisel não deixaram a ideia prosperar. Agora, mais de meio século depois, muitos países adotam esse sistema para receber divisas, atrair moradores eventuais, que consomem, empregam, investem.
Entre os mais atraentes aos brasileiros, estão o vizinho Uruguai e o sempre querido de todos Portugal. Este tem, hoje, cerca de 200 mil brasileiros residentes, sendo que 10% de alta renda. A contar os de dupla nacionalidade, os brasileiros são os maiores compradores do mercado imobiliário nos últimos dez anos.
Em janeiro, entram em vigor restrições como de que o investimento imobiliário não pode ser nas duas principais cidade do país, Lisboa e Porto, o que pode provocar uma queda de até 30% no faturamento do setor, que é tradicionalmente grande empregador.
O Bloco de Esquerda, uma espécie de PSOL-PSB de lá, lidera as restrições e ainda quer avançar. Ao verificar a questão, chamou a minha atenção o fato de a África do Sul ser o quarto país a fornecer postulantes do chamado “visa gold”, seguido do Vietnam.
Hugo Borghi tinha mesmo visão. O governo brasileiro modernizou, neste final de ano, a movimentação de moedas no país e a tributação para impostos de residentes com renda fora, mas de maneira ainda muito tímida.
O Brasil tem atrativos singulares, especialmente cidades como o Rio de Janeiro e as do Sul, sendo atraente para famílias pela rede de ensino bilíngue e oportunidades de negócios para os mais jovens. É preciso avançar mais, para que possamos receber recursos, que naturalmente se fazem acompanhar de empreendimentos modernos.
O governo teve a coragem de mexer no tabu que nos expunha ao ridículo de pedir a identificação de portadores de valores superiores a dez mil reais, que não pagam cinco diárias de um bom hotel, sem contar refeições, transporte, lazer, compras. E pedir aos brasileiros, ao saírem, que declarassem valores superiores a dez mil reais, de um ridículo tal que nunca foi levado a sério nem pelo contribuinte nem pela suposta fiscalização nos aeroportos.
Agora são dez mil dólares em qualquer situação. Curioso é que o cidadão pode comprar 20 mil, mas tem de declarar o que já foi feito no ato da compra em estabelecimento credenciado, bancário ou não. Vencer a burocracia é um desafio!
*Aristóteles Drummond, é jornalista, escreve para o Diário do Comércio de São Paulo
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