Mas, o adiamento do evento não tem outra visão senão o bom senso, e, o que se aplica em uma decisão emparelhada é a racionalidade e a praticabilidade política, pontuada quem sabe por uma sugestão da Justiça para se evitar o estrangulamento da Saúde Pública num momento de pandemia. A decisão do adiamento contudo demorou, ficando exposta à críticas desnecessárias, talvez na busca de uma saída estratégica que não causasse tantos abalos à vida política dos diretamente envolvidos.
Realizar um evento de porte com shows de alto padrão, um deles de Jorge & Matheus, também exige negociações pois há terceiros implicados e há valores incomensuráveis já aplicados; é lógico que havia a probabilidade da Covid estar atuando de forma mais serena e entrarmos num “libera geral” a partir de janeiro, mas como sepultar da noite para o dia a repercussão internacional do papel que Araraquara teve no enfrentamento da pandemia? Sob a que olhar o Brasil entenderia o desrespeito ao trabalho de Eliana Honain um mês depois de ser consagrada merecedora do ‘Prêmio Sergio Arouca de Saúde e Cidadania’ entregue pelo Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz?
Não faz sentido organizarmos uma festa eminentemente universitária onde o que menos haverá será preocupação com aglomerações, uso de máscaras, abraços, beijos e a impossibilidade de uma fiscalização num ambiente próprio do jovem interessado em expor sua euforia amalucada como foi a nossa? Só que os tempos eram outros e pandemia não figurava em boletins diários picotados pelo interesse político e o interesse da sociedade como um todo.
Atualmente não temos como prever o amanhã, se de fato esta será a última onda ou se a nossa vida terá o embalo de ser levada aos trancos e barrancos por mais duas ou três ondas de variantes até 2025.
Quando vejo então que – a Morada do Sol Eventos tem ao menos nove datas agendadas para receber eventos universitários em 2022 fico lamentando a pressa que está se tendo para recomposição de caixa financeiro se o mais importante é a vida como tem dito o prefeito, novamente acometido pela Covid. E não adianta dizer que haverá em todos, o cumprimento das condições sanitárias e regras para a realização das festas, pois é conversa pra boi dormir.
Não somos absolutamente contrários às festas universitárias, afinal movimentam a economia – notadamente de Serviços, um dos setores devastados pela doença – mas não podemos atirar as presas aos tigres, sem imaginar que todos sairão salvos. E isso nos faz lembrar o ditado “entre mortos e feridos todos se salvaram”.
A pandemia tirou de nós o poder de racionarmos de forma mais coerente e discernir o que significam pressa, agilidade, imprudência, negligência e até mesmo irresponsabilidade, nos deixando então apenas uma pergunta: o mal que já aconteceu não atingiu os que são importante para nós?
*Ivan Roberto Peroni, jornalista e membro da ABI, Associação Brasileira de Imprensa
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