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Avenida 36: amadores na vistoria de obras públicas

Por Ivan Roberto Peroni

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Neste momento não há como obrigar o Poder Público a fazer uma ponte na Avenida 36 (Padre Francisco Sales Colturato) da noite para o dia. Soma-se a falta de recursos, a transição do governo paulista e federal, assim tomar pé da situação, tanto em São Paulo quanto Brasília, é a postura do bom senso.

É inadmissível contudo que se demore para analisar as condições do terreno e a forma com que a engenharia vai trabalhar para entregar um empreendimento em condições técnicas plausíveis e com a plena segurança para o uso da população. No caso da Avenida 36, talvez o principal corredor comercial da cidade e rota que conduz aos bairros residenciais, tenhamos que usar a pressa por questão de necessidade.

A obrigatoriedade da Prefeitura Municipal acelerar a execução da obra, restabelecendo a ligação cidade-bairro é eminente, mas que sejamos práticos e objetivos além de primar pela qualidade dos serviços, pois a população está enfastiada de meia-boca, trabalho calcado em incompetência.

Sejamos claros – se não conseguimos com o material humano que dispomos dentro do serviço público em Araraquara um recapeamento duradouro, de qualidade, é evidente que não vamos conseguir construir uma ponte totalmente segura. Ano após ano o drama causado pelas chuvas é eminente, só que a natureza de dois anos para cá tem sido mais responsável que os gestores, mandando recados agressivos.

Por outro lado se a nossa Prefeitura Municipal não dá conta de fechar os buracos até então existentes mesmo quando não chove, é evidente que estamos expostos as crateras, as mazelas, a carência de vistorias, falta de habilidade profissional e ausência de responsabilidade em mostrar um real cenário de destruição que temos por baixo das ruas e avenidas pavimentadas, esburacadas sofrendo infiltrações.

Concordo quando é dito que – investimos na Saúde para salvar vidas durante a pandemia, e salvamos, graças a Deus, ainda que em São Carlos com mais habitantes tenha morrido menos gente sem tanto estardalhaço; mas, no caso da Avenida 36 não salvamos vida, por desleixo e incompetência fechando os olhos para os buracos e a falta sistemática de vistorias. Matamos gente.

Falou-se de uma vistoria na tubulação do córrego em outubro. Podem até ter realizado, no entanto mal feita tecnicamente, pois dois meses e meio depois morrem seis pessoas pela falta de visão, de conhecimento técnico. Qualquer calouro de engenharia saberia emitir um parecer: se chover 50 mm não acontece nada, se chover 100 mm teremos inundação, se chover 200 mm vai estourar os tubos. Mais uma demonstração de incompetência e que o município tem sim responsabilidade na morte das pessoas pois é dever do Poder Público entregar a população ruas, avenidas, pontilhões, pontes com plena segurança e não atirar nas costas da natureza ou – a gente não sabia que ia chover 200 mm.

Não salvamos vidas, matamos pessoas, repito. E pontes têm sido a nossa cruz, infelizmente. Vide Ponte dos Machados, fazendo padecer os produtores rurais em quase três anos para execução de uma obra juramentada por discursos políticos. Retornaremos ao assunto, pois solidariedade não traz ninguém de volta, mas competência e segurança, evitarão novas mortes.

*Ivan Roberto Peroni, jornalista e membro  da ABI, Associação Brasileira de Imprensa

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR