Bastou o espetáculo de pirotecnia acontecer na terça-feira passada para o ilustre governador João Doria vir a público e anunciar a contratação de quase 7 mil novos policiais, que com tanta burocracia neste estado de coisas e de São Paulo, só devem começar a trabalhar sabe Deus quando. Vivemos um momento de segurança pública falida onde em cidades pequenas podemos contar nos dedos quantos policiais civis e militares exercem suas funções.
Em meio a esta calamidade de roubos observa-se a preocupação dos governos em exercitar a política como fonte de vaidade, ganância e poder. Nota-se que as autoridades policiais se abstém das denúncias contra o Estado, se fecham em quartéis e delegacias e se calam quando questionados pela imprensa para dizer – o que efetivamente se passa. Sequer contam – o número de profissionais que trabalham, quantos teriam que compor suas corporações e unidades, e lamentavelmente deixam transparecer que – para que brigar se temos promoções, reformas, reservas, etc?.
Repito – para que brigar? O alto comando faz a opção do silêncio, da calmaria, do deixa levar, rezando simultaneamente a mesma cartilha de governos e políticos que pecam pela omissão, negligência, imprudência chegando ao extremo da irresponsabilidade.
Vendo o que aconteceu em Araraquara na semana passada e nesta madrugada de segunda-feira em Gavião Peixoto imaginamos de forma lamentável que estamos colhendo o que nós plantamos, pois sempre, sempre mesmo, colocamos no poder este tipo de gente que a partir do ano que vem vai estar rodeando novamente sua casa pedindo voto para a presidência da República, governador, senador, deputado federal e deputado estadual.
Como se num passe de mágica começarão a surgir, pontes e viadutos, escolas, creches, hospitais e, na mistura desta salada eleitoreira virá com certeza a exclamação – esse cara é bom. Bom prá quem, se faz uns três anos que os moradores do Bairro dos Machados e de Guarapiranga pedem pelo amor de Deus a construção de uma pontezinha que os permita atravessar em paz, daqui prá lá e de lá prá cá e o governo não resolve.
Estava certa minha avó quando dizia – beleza não se põe na mesa. Olho agora e vejo governos “empiriquitados”, ternos fabricados – por Yves Saint Laurent ou no mínimo por um Rodrigo Almeida, o paulistano que domina como ninguém a arte de vestir o homem com um visual pautado na elegância clássica, sem deixar de garantir a silhueta moderna e confortável. É ele o costureiro do nosso estimado João Dória, seu principal cliente.
É verdade que nada temos a ver com a vida pontilhada de riquezas do governador, mas temos com o tratamento dispensado ao povo paulista, sendo às vezes prepotente e arrogante, como se a segurança pública de um Estado fosse brinquedo nas mãos da bandidagem que nos atemoriza e nos faz menores, cada vez mais. Vamos assumir, que a culpa é nossa. Cada um escolhe seu destino…
*Ivan Roberto Peroni, jornalista e membro da ABI, Associação Brasileira de Imprensa
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