No regime instaurado em 1930 por Getúlio Vargas, criaram-se os sindicatos patronais e laborais. Por isso, do CIESP surgiu a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). Mas, desde então, o CIESP seguiu firme na defesa do setor. Hoje, com cerca de oito mil associados, tem 42 diretorias regionais, que promovem serviços como informação privilegiada, inteligência de mercado, assessoria jurídico-consultiva e técnica, econômica, comércio exterior, infraestrutura, tecnologia industrial, responsabilidade social, meio ambiente, crédito e apoio em pesquisas, feiras, simpósios, rodadas de negócios, cursos e convênios.
Levando em conta todo esse apoio, a proposição de políticas públicas e a defesa setorial, na análise da trajetória do CIESP, assim como da FIESP, é determinante enfatizar seu protagonismo no fomento da indústria. Com as transformações e avanços tecnológicos, o setor chegou a representar 25% do PIB brasileiro, mas sua participação decaiu nos últimos 40 anos, situando-se hoje em 11,3%. Porém, arca com o maior volume no bolo tributário total, em torno de 30%. Tal desproporção afetou muito a competitividade e a capacidade de investimento. Nossa atividade é submetida a elevados impostos, fluxos de juros altos e carência de crédito, câmbio volátil, insegurança jurídica e excessiva burocracia. Sem falar de problemas gerados pela informalidade interna e a concorrência desleal externa.
Considerando que o parque fabril gera empregos em grande escala, paga os melhores salários, é o que mais investe em tecnologia e inovação e agrega valor à pauta de exportações, é inevitável uma pergunta: será que se não tivesse sido exageradamente apenado em sua competitividade, o PIB nacional teria sido tão pífio como na década de 2011 a 2020, com expansão média anual de apenas 0,3%? Ouso dizer que, com uma indústria forte e revigorada, a economia de nosso país apresentaria performance muito superior.
Considerando que nosso crescimento segue baixo, cabe aprender com as lições da história. Como na Primeira Guerra, a pandemia, a invasão da Rússia à Ucrânia e as tensões entre China e EUA provocam dificuldade de importações, redução da oferta e aumento dos preços de insumos e certo recrudescimento do protecionismo. Novamente, a indústria tem plenas condições de responder aos desafios e oportunidades. Para isso, estamos fazendo nossa parte, com a disseminação dos preceitos da economia verde, substituição de fontes de energia, governança ambiental, social e corporativa (ESG), digitalização e apoio às empresas. Mas, não basta.
Por isso, estamos lutando perante as autoridades federais, estaduais, municipais e o Parlamento para que o País tenha uma política industrial que reduza impostos (reforma tributária já!), proporcione crédito com juros menores, desonere investimentos e exportações, garanta mais segurança jurídica, promova o aporte tecnológico e estimule as pequenas empresas. É um projeto de Estado e não de governos, com visão de longo prazo.
Como em 1928, quando nasceu, o CIESP acredita muito que seus associados e todos os empresários do setor serão protagonistas de um ciclo virtuoso de crescimento sustentado e desenvolvimento. Sim, nossa mobilização, há 95 anos, tem sido sempre em favor do Brasil.
*Rafael Cervone, engenheiro e empresário, é o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) e colabora com o RCIA ARARAQUARA.
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