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Concurso Público e a oficialização da imoralidade

Por Ivan Roberto Peroni

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O RCIARARAQUARA ainda neste mês de novembro tem uma missão: mostrar em uma série de reportagens, o lado podre dos concursos públicos e das empresas que realizam, via de regra chamadas para a prestação de serviços por conta das prefeituras, câmaras municipais, autarquias e fundações.

Por mais de 30 dias, os nossos repórteres analisaram a matéria e chegaram a conclusão de que, além de evidenciar o entendimento de que não é fácil passar em um concurso público, torna-se praticamente impossível uma boa colocação – se as vagas anunciadas já estão marcadas.

Impiedosamente e de forma generalizada, as pessoas se esforçam, estudam, mas esbarram na transformação dos concursos em cabides de emprego. É um tipo de fraude a beneficiar parentes e assessores políticos em todo o país, como destacou tempos atrás o programa Fantástico, da Rede Globo.

Naquela oportunidade o Fantástico mostrou que milhões de brasileiros participam de concursos públicos a cada ano, no entanto, uma quantidade incalculável deles está sendo passada pra trás. Em todos os 26 estados do Brasil e no Distrito Federal, os ministérios públicos investigam algum tipo de fraude em concursos públicos. É maracutaia em todo o país! Só na Bahia, por exemplo, foram 36 casos de irregularidades em concursos. Em Mato Grosso do Sul, as questões de um concurso foram copiadas de uma prova feita antes, no Pará. E, no Maranhão, um analfabeto foi aprovado graças ao esquema montado por um secretário municipal, parente dele.

Um ex-dono de uma empresa que fraudava concursos e agora está fora da atividade, quando questionado sobre o perfil dos candidatos beneficiados aprovados fraudulentamente, chegou a contar – unicamente apadrinhados políticos da administração municipal.

De fato, a maior parte das fraudes acontece nos concursos municipais. Prefeitos e vereadores contratam uma empresa para organizar a prova e indicam os candidatos que eles querem ver aprovados. “A esposa do prefeito passou em primeiro lugar, a secretária de educação passou em primeiro lugar no outro cargo, o secretário de administração passou em primeiro lugar em outra função”, contou uma mulher ao Fantástico.

Em linhas gerais é a oficialização do cabide de empregos. “O perfil que nós identificamos é sempre de alguma forma ligado ao administrador. Ou por laços de parentesco, ou por afinidade partidária, político-partidária, ou até mesmo quem já presta serviços ao Executivo”, explicou o promotor de Justiça Mauro Rockembach.

O honesto, aquele que estuda, tem capacidade, não encontra palavras para defender sua honra e só lamenta que foi cachorrada. Muita gente deixou de fazer muita coisa, se deslocou de longe, foram feitas de palhaço”, reclama o candidato honesto.

E quando a percepção é de que nada mais está por vir, ledo engano, pois como diria Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

É o que está acontecendo…

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