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Futebol vertical X horizontal

1954

A nomenclatura do futebol mudou. Muito, graças ao vocabulário empregado por Tite desde os tempos do Corinthians e agora ainda mais como técnico da seleção brasileira.

Depois do empate sem gols com a Venezuela, choveram críticas e voltamos a ouvir as velhas desculpas. “Os jogadores ficam ansiosos quando o gol demora pra sair e as jogadas verticais não acontecem.”

E para entrar no ”futebolês” atual, acrescento que não só a seleção, mas a maioria dos nossos times, abusa hoje do famoso toque horizontal, posse de bola sem objetividade. Esquecem que o objetivo do futebol é o gol!

Outra dificuldade que os treinadores não citam, é a falta de habilidade individual ou a coragem para tentar um drible. Desde criança, aprendi que a melhor maneira de furar uma retranca, é o drible, o lance individual, Garrincha sabia muito bem!

As vaias para a seleção, deveriam ser dirigidas também aos times e seus técnicos, não fosse o fanatismo do torcedor pela sua equipe. (A Ferroviária padece da mesma dificuldade). O Brasil padece de um péssimo calendário e daquilo que não é praticado na maioria das equipes. Treinamento insistente para melhorar a pontaria de fora da área, treino especifico de cobranças de faltas e liberdade para criar individualmente.

Alguém poderá argumentar e concordo, que a nossa safra atual não é boa, mas aqui cabe lembrar os europeus. Eram chamados de “durões”, defensivos, sem criatividade. Dedicaram-se muito, levaram os bons jogadores da nossa e de outras escolas sul americanas e o resultado é mostrado todos os dias, com futebol de qualidade, mais tempo de bola rolando, menos faltas em uma partida.

Se o momento não nos favorece, vamos trabalhar mais, mudar conceitos, retornar às nossas origens. Será pedir muito? Ou pretendemos ficar na fila pelo menos mais uma década até o próximo título mundial?

* Adilson João Tellaroli, jornalista esportivo, chamado de “Bola Branca”