Assim foi com Miguel Tedde Neto, Arnaldo Izique Caramurú, Rubens Bellardi Ferreira, Elias Damus, Flávio Ferraz de Carvalho, José Pizani, Laurindo Ferreira, Omar de Souza e Silva, Aldo Comito e tantos outros nomes que os jovens de hoje jamais ouviram falar. Porém, está neles a marca do trabalho, cada qual contribuindo a seu modo com a construção de uma grande cidade.
Era o tempo de uma cidade com não mais que 70 mil habitantes, comprometida com a qualidade de vida da sua população, sem as rusgas de um separatismo. Os desencontros políticos não se acentuavam em esquerda e direita; políticas públicas, eram aplicadas de forma igualitária, pois a comunidade vivia em sintonia com princípios e direitos.
Gildo Merlos, filho de espanhóis, ao lado de tantos outros irmãos, era puxado pelo trabalho e todos pontuavam no fim do dia o amor pela cidade, mostrando em cada gesto – decência e respeito como fonte inesgotável de virtudes. A explosão, própria do sangue trazido da pequena Espanha, se acentuava na visibilidade de situações que não expressavam a realidade dos tempos em que – vizinhos ainda conversavam em calçada no começo da noite.
A perda de um filho tão jovem e de forma trágica nos anos 70, vítima de acidente, por todo o tempo tornou Gildo Merlos um ser humano ainda mais bondoso e caritativo. Sabia ele fingir bem, que a vida teria que seguir em frente, forte e firme no tratamento com o próximo; porém era entre quatro paredes que chegavam as lágrimas, contou-me um dia.
Tão justo nas suas decisões e vendo o mundo novo da política que surgia marcado pela desesperança, Gildo foi se afastando… se afastando e decidiu parar. Grandes amigos da Câmara Municipal partindo, políticos seguindo para o outro lado da vida e ele entendia que os tempos já não eram mais os mesmos. Os anos 80/90 agora eram marcados pelo partidarismo desenfreado e maldoso, da política gananciosa que versava sobre privilégios e benefícios saltando na esteira da desonestidade e corrupção.
Definitivamente se afastou; optou viver para quem ainda o entendia como ser humano construído pelos valores que enobrecem o cidadão de bem. Guardado em suas lembranças mergulhou no esquecimento das gerações que brotavam no chão em que ele tanto caminhou. Agora segue para o descanso merecido que Deus proporciona aos homens valentes e destemidos, aos guerreiros que se fazerem líderes por força das circunstâncias, pela naturalidade divina que a terra abraçou e agora leva para a construção de novos lares.
Aqui fica apenas o cenário degradante que as pessoas de bom senso preferem não ver. Então é melhor partir, amigo. É hora de descansar.
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