Não é de hoje que tenho levantado essa questão, como muitos outros colegas já o fizeram. Se já era impossível trabalhar, imaginem com a pandemia “empilhando” jogos em cima de jogos!
Muitos treinadores ao longo dos anos, também se queixam desse detalhe, mas a maioria dos dirigentes e principalmente a CBF continuam se fazendo de surdos para o problema que atinge não apenas os treinadores que são as maiores vítimas, mas também os jogadores. Quem tem elenco maior, ainda pode se virar, mas é inegável que a qualidade técnica que já é deficiente, caiu ainda mais. Muitos jogadores não rendem fisicamente e a culpa acaba caindo nas costas dos treinadores, que não têm tempo para realizar um treinamento de acordo com as necessidades. Como disse Abel, “é jogar hoje, recuperar amanhã e jogar no dia seguinte”. E eu completo. Aqui se paga um preço alto por ser melhor! Chegar nas finais de uma ou mais competições, custa contusões, falta de descanso e tempo inexistente para treinos. E quando os resultados não vêm, vão se os treinadores!
A única providência que a CBF tomou, até hoje, foi pedir às Federações que encurtassem os calendários estaduais. Péssimo para os clubes pequenos.
Certamente que falta união entre os técnicos e também entre os dirigentes. Alguns procuram preservar o emprego, (no caso dos treinadores) e os dirigentes vêm à sua frente, as despesas que se avolumam. O time não vai bem e as providências são sempre as mesmas. Demitir o técnico e contratar jogadores, pagando salários fora da realidade brasileira. Um circulo vicioso que afunila na Copa do Mundo, onde tem ficado cada vez mais claro, o abismo de qualidade técnica entre o futebol brasileiro e o europeu.
Como quase não temos mais (conta-se nos dedos) os jogadores que decidem, necessitamos de um time mais coeso, melhor treinado, mas há tempo para isso?
Não culpem a Covid ou qualquer outra coisa. O calendário brasileiro fragiliza seu futebol e faz tempo! Alguns dizem que são muitos clubes numa mesma disputa. Pode até ser, mas as soluções não são estudadas e nem testadas.
Há quanto tempo ouvimos que o ideal seria adequar nosso calendário ao da Europa? E não se tenta isso nem outra coisa. Assim, o problema vai se arrastando com o passar dos anos. Nossos dirigentes, (CBF principalmente) não se deram conta que a qualidade técnica do futebol brasileiro caiu muito. Recuperar o tempo perdido é urgente e que o torcedor não se iluda. Se não houver um pacto entre dirigentes, técnicos e jogadores, para um trabalho com mais profissionalismo.
*Adilson João Tellaroli – conhecido como “bola branca”, é jornalista esportivo e faz parte do Portal RCIA
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