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O aniversário de O Imparcial

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“O Imparcial” entra hoje no ano 88. Começou com Antonio Corrêa da Silva, sucedendo-lhe seu filho, o saudoso Paulo A. C. Silva, falecido em 1994. E atualmente tem como diretora responsável, D. Cecília A. Silva e como diretor geral, José A. C. Silva.

Foi o Paulo, através do Lúcio, seu irmão, competente fotógrafo, quem me incentivou a escrever. E isso foi há 55 anos, com uma crônica sob pseudônimo porque, jovem ainda, fiquei inibido em colocar o meu nome. E aí então ele me disse: “Deixe estar. Coloca seu nome verdadeiro! Qual é o problema?”.

Foi assim então que comecei a colocar algumas ideias em crônicas e artigos que alguns eventuais leitores e leitoras intima ou expressamente podem concordar ou discordar. Até ensaios e contos numa época em que havia mais páginas!

Posso lhes afirmar que é extremamente gratificante esbarrar com um leitor ou uma leitora nas ruas da cidade quando me dizem que gostaram daquilo que escrevi. Gente amiga e sincera, mesmo porque não têm motivos para bajulação. Quem sou eu?

Até mesmo consegui, sem sequer ter cursado alguma escola de jornalismo — que inexistia na época, a não ser na capital — a carteira de jornalista profissional, que, por sinal, nunca a utilizei por ter seguido outra profissão. Devo muito ao jornal porque ele fez parte de minha formação e ainda o faz porque a arte de escrever, amadoristicamente ou não, é extremamente dinâmica.

“O Imparcial” acompanhou o progresso do mundo e da cidade que, no ano passado completou dois séculos. Começou impresso com o linotipo, agora está informatizado e pode ser acompanhado pela web. Ficou mais enxuto e muito embora tenha diminuído o número de páginas, mesmo assim consegue informar competentemente os leitores, principalmente na edição de notícias da cidade e região, além das páginas de entretenimento, esportes, social, e, obviamente os anúncios.

Daqui a alguns anos completará um século, para gáudio dos leitores araraquarenses. Já escrevi alguns artigos sobre a importância do jornalismo impresso, ainda insubstituível no mundo moderno. Assim como até há pouco tempo dizia-se que o livro impresso seria completamente substituído pelo “e-book”, mas que, na realidade, nunca se viu tantos títulos serem publicados atualmente.

Na verdade, os jornais impressos e isso em todo mundo, e não apenas em nosso país, acompanham a inevitável tendência de colocar em suas páginas tudo aquilo que a internet não consegue, nem tanto informar, mas, sobretudo, expor comentários e opiniões de especialistas nas mais diversas áreas do conhecimento, além dos editoriais, cujos leitores acreditam que tenham mais credibilidade do que o que se escreve na web.

Poder-se- ia pensar que exista uma surda concorrência entre esses veículos de comunicação. Mas não. Ambos se complementam. Alguns amigos estão tão acostumados a ler notícias e comentários nos blogs, que não imaginam a importância dos jornais impressos. Pelo menos é o que penso. Parece, posso até estar errado, mas muito do que escreve na internet é um tanto superficial.

Desconfio muito daquilo que leio nesse mundo eletrônico. Tantas notícias falsas, tantos boatos que se torna difícil confrontá-las com as verdadeiras. Basta dizer sobre as recentes eleições para presidente nos EUA, onde foram plantadas informações que não condiziam com a verdade, vindas de “hackers” da Rússia. Até mesmo tal ocorreu por ocasião da separação do Reino Unido, no “Brexit”, que se separou da União Europeia.

Dizem até que isso também aconteceu nas últimas eleições que tivemos para a presidência da República. E, prezados leitores e eleitores, podem esperar que, neste ano.

Por tudo isso, e além mais, ainda acredito nos jornais impressos. Algumas pessoas podem afirmar: “é que ele escreve no “Imparcial”, ele escreve noutros O aniversário de O Imparcial • Luís Carlos Bedran* jornais”; “por isso é que ele não quer perder o “seu espaço””. Ledo engano. Mesmo que um dia isso possa ocorrer, cedo ou tarde — quem poderá prever? — ainda espero continuar, pelo menos enquanto a visão o permitir, a ler jornais, esse hábito antigo que aprendi desde a adolescência com meu pai (que também era jornalista e colaborava com “O de 2018 isso vai ocorrer muito em nosso país. Imparcial”) e que consegui transmitir para meus filhos.

Além do mais escrevi e continuo a escrever tão somente apenas como colaborador, gratuitamente, sem qualquer remuneração, como algumas pessoas imaginam que sim. Dessa forma, enquanto ainda tiver uma meia dúzia de bondosos leitores e gentis leitoras, como diria Fernando Veríssimo, a escrever num vernáculo mais ou menos capenga, é o que importa.

Por isso quero cumprimentar “O Imparcial”, na pessoa da abnegada D. Cecília, do amigo José, em companhia de toda a equipe, por esse mais essa efeméride histórica, um jornal que todo araraquarense deve se orgulhar.

Luis Carlos Bedran

Sociólogo