Vejam os perfis dos bandidos: Chiquinho Brazão (João Francisco Inácio Brazão), empresário, comerciante, deputado federal; Domingos Inácio Brazão, empresário do ramo de postos de combustíveis, ex-vereador e atualmente conselheiro do Tribunal de Contas do estado do Rio de janeiro; Rivaldo Barbosa, delegado da Polícia Civil, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
A grande coincidência, sem explicação confiável, é que o Rivaldo Barbosa foi nomeado para o cargo de chefe da Polícia Civil um dia antes do assassinato da vereadora Marielle e do motorista Anderson Gomes, por veio de portaria assinada pelo então interventor na área da segurança pública, o general da reserva Braga Netto ex-ministro da Defesa do Governo Jair Bolsonaro.
Penso que todos os seres humanos brasileiros do bem, honestos, cristãos, não podem de maneira alguma concordar com o que vem acontecendo em termos de violência no Brasil, principalmente em grandes centros urbanos como os municípios do Rio de Janeiro e São Paulo, só para ficar nos maiores e principais. É revoltante ver autoridades importantes envolvidas, ou coniventes com esse pessoal podre, sujo, desonesto, corrupto e corruptor.
Imagine se a tentativa de golpe no dia 8 de janeiro de 2023 tivesse acontecido? Imagine ter no Governo o lado podre do Exército? Não tenho dúvida de que, a exemplo de 31 de março de 1964, teríamos milhares ou milhões de brasileiros inocentes mortos, presos, acusados por este pessoal de terroristas, comunistas, baderneiros. Quem são atualmente os terroristas?
O que me deixa indignado é ver esse pessoal não aceitando de maneira alguma os princípios da democracia. Eles só sabem dirigir, ordenar e consequentemente governar com golpes por meio da violência armada. Por outro lado, é lamentável ver o crime organizado se envolvendo com policiais, políticos e milícia no Rio de Janeiro. O relatório da Polícia Federal aponta que o policial Rivaldo Barbosa era quem recebia os pagamentos das contravenções, estipulados numa tabela. E ainda dizem que são cristãos. Pode isso?
No ano de 1998, enquanto auditor fiscal, fiz parte de um grupo direcionado para a fiscalização de empresas no setor da construção civil no Rio de Janeiro. Foram oito meses de muita experiência no combate à sonegação e inadimplência de empresas de médio e grande porte.
Já, naquela época, deu para ver o crime organizado envolvido nesse setor, facilmente usado para lavagem de dinheiro, sem falar no relacionamento espúrio de vários políticos com a Prefeitura, constituindo empresas, montadas em nomes “laranjas” ligados ao crime organizado e milicianos. No centro deste angu existe o filé mignon sendo saboreado por quadrilhas engravatadas no ramo da construção civil, roubando a população pobre, protegidas por políticos desonestos, policiais, milícias, traficantes. Quem tem o dever de fiscalizar é o Tribunal de Contas do Estado (TCE). Imagina o Domingos Brazão no TCE? É o cabrito na horta!
Este crime bárbaro, nojento, está longe de ter sido resolvido. É preciso ir até o fim e punir todos os responsáveis. Penso que não serão a Justiça, o Parlamento e muito menos a polícia que vão resolver. Só a pressão e a mobilização popular vão poder garantir justiça de fato, enfrentando as instituições e as alianças espúrias que protegem essa corja. Justiça para Marielle e Anderson. Temos que combater a bandidagem de terno e gravata no Rio de Janeiro e no Brasil.
(*) Walter Miranda, graduado em Economia e Contabilidade; mestrado em Ciências Contábeis pela PUC/SP; pós-graduado em Gestão Pública pela UNESP/Araraquara, militante do PSTU e da CSP-CONLUTAS Central Sindical e Popular.
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