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Quem cala consente ou não tem nada a dizer?

Por Suze Timpani

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SuzeChama a atenção o fato de vereadores que ao que parece não tem nada a dizer ou acrescentar para o bom andamento da cidade. Há 11 sessões a base governista tem deixado a oposição no vácuo no Pequeno Expediente, para não ouvir o que pode desagradar aos ouvidos de quem acredita ser “democrático”, mas não aceita o contraditório.

Alguns parlamentares dizem que tem usado de suas redes sociais para apresentar a população o trabalho que realizam em seu mandato, portanto, não necessitam se estender nas sessões da Câmara, devido a isto, deixam o plenário, colocando fim aos trabalhos por falta de quórum.

Mas quem foi que disse que o Pequeno Expediente se resume em apresentar os trabalhos semanais? Não seria um momento onde os vereadores expressam sua indignação diante de trabalhos que o Executivo deveria ter realizado, e que fiscalizando as contas públicas percebe-se que não está de acordo? Quem dos nobres edis tem fiscalizado as contas públicas como manda o figurino? Qual deles se debruça sobre o Portal da Transparência, para saber onde de fato nosso suado dinheiro vem sendo aplicado? Quem tem em mente o regimento interno e já se apercebeu que falham diante das fiscalizações?
Afinal fiscalizar contas públicas não significa colocar lombofaixa pela cidade, pintar sinal de pedestre, tapar buracos ou ainda entregar cadeiras e mesas para festa particular, fazendo caridade com chapéu alheio.

Não se ouviu um questionamento da Câmara sobre a prefeitura não ter pagado a empresa que presta serviço de segurança no Pinheirinho, Parque do Botânico e Ginásio da Pista, tendo inclusive a suspensão dos vigilantes e quebra de contrato, ou ainda fornecedores que aguardam por seus pagamentos atrasados. A Câmara sabe quantos fornecedores estão com seus pagamentos atrasados ? Alguém verificou se a Casa autorizou abertura de crédito adicional para esses pagamentos e onde eles foram empregados? Licitação não é verba prevista em orçamento?

Foi-se o tempo do bom debate e questionamentos sérios, onde as galerias se enchiam para ouvir quem tinha o que dizer de modo direcionado. Não precisamos voltar para a década de 80 e relembrar grandes discursos de Flávio Ferraz de Carvalho, que tinha domínio do português e cortava como navalha. Mas ao assistir os vídeos de alguns discursos de cobranças ao Executivo de vereadores na gestão de 2016, onde os parlamentares faziam questão de disponibilizar em rede social suas falas, para que todos soubessem o que efetivamente acontecia, vem o saudosismo.

Vereadores como João Farias e Gabriela Palombo, que ao assumir o púlpito da Casa de Leis, faziam tremer o Executivo exigindo resposta rápida da base governista que vinha através do líder do governo na época Aluísio Braz, o Boi, que nunca deixou barato.
Donizete Simioni que por muitas vezes ficou vermelho para responder ou cobrar a altura, contava sempre com respostas na maioria das vezes irônicas de Roberval Fraiz, onde se ouvia na platéia os gritos de “hooo louco, vai deixar por isso mesmo?”.
Geicy Sabonete que não admitia rédeas partidárias protagonizando seus inúmeros “bafões” e chamando os adversários para o “ringue político”. Até mesmo Rodrigo Buchechinha que de palhaço não tinha nada, usava de seu pequeno expediente para “arrepiar”. E tantos outros que na ocasião estamparam as capas dos jornais do dia seguinte, devido ao que haviam dito em sessão.

Hoje vemos uma Câmara apática, fazendo de seus mandatos um festival de dias comemorativos e sequer conseguem explicar a que vieram, escondem-se atrás do regimento interno, por não ter o que dizer. Acabaram-se as capas, os burburinhos nos corredores do poder, os comentários nos cafés centrais e sobrou apenas a mesa da imprensa vazia por não ter o que cobrir. Sucumbiram ao silêncio do consentimento, ora visto como antidemocrático. Triste perceber que não tem voz, aqueles que em tese deveriam nos representar.

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