Empresário, pessoa simples, mas de fala rígida, me recebeu por duas vezes em seu gabinete de forma muito cordial, afinal, por ter propriedade no local fazia costumeiramente algumas reclamações, pessoalmente e por outras, via telefone. Na última entrevista que me concedeu, em 2018, disse que estava fazendo mudanças na prefeitura, entre elas, retirar pessoas que há muito comandavam a cidade “vou arrumar inimizades, mas é necessário para que consiga fazer uma boa gestão” – afirmou ele na época.
Neste dia havia ido à prefeitura, além da entrevista, tentar que Chiquinho arrumasse uma ponte, na Fazendinha que há anos cai dentro do rio em época de chuva, dificultando a vida de produtores, que tem que aumentar a rota em mais de três quilômetros – “ele disse que arrumaria, mas o rio continua a passar por cima da ponte”.
Era notório que seu governo não agradava a todos, afinal, nunca ninguém conseguirá isto. Alguns funcionários públicos municipais reclamavam do modo ríspido a qual ele se dirigia a eles, “algumas vezes aos gritos”, me disse uma servidora.
Polêmico, não aceitava “pitacos” em sua gestão “as pessoas tem que entender que quem manda agora sou eu, e aqui na prefeitura só fica quem trabalha direito, não tem mais essa de chegar a hora que quer ou querer se meter em assuntos que eu devo decidir” – disse Chiquinho em entrevista.
Alguns colaboradores que ajudaram a eleger Campaner, já no primeiro ano de mandato passaram a fazer oposição ao prefeito. Sobre a oposição que se formou rapidamente ele respondeu que “algumas pessoas acreditaram que poderiam mandar na prefeitura e isto eu não aceito” – afirmou a mim em 2018.
Conversando nesta manhã de sexta-feira (27) com um amigo que temos em comum, perguntei se iria ao velório, e ele triste e ainda muito chocado com a notícia, disse que preferia guardar na memória a visão do amigo vivo. Lamentou a morte de Chiquinho e disse – “mesmo antes de se eleger, ele sempre falava de querer entrar como prefeito pela cidade, do amor que tinha pela cidade e querer melhorar a vida das pessoas. Ele era meio grosso, mas uma coisa é certa, não duvido da honestidade dele. Mas sabe como são as coisas, desagrada um, que começa falar mal, aí os outros vão na mesma onda. Pois as pessoas acham mais fácil e melhor falar mal, do que ver o lado bom, e o que ele fez de bom. Mas uma coisa é certa, acredito que o crime foi por causa de política.” – afirmou ele.
Mas como unanimidade não existe também ouvi ao longo do tempo, que o prefeito muitas vezes se comportava como um coronel. Evidente que isso não justifica quatro tiros a queima roupa, nada justifica, é praticamente impensável em um mundo que acreditamos ser civilizado. É necessário que a polícia investigue cada detalhe e que consiga chegar o quanto antes ao criminoso, para que teorias não sejam criadas. Não se mata a democracia a balas, só os covardes não entendem isso.
*Suze Timpani, é jornalista
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