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Coronavac: Araraquara segue sem previsão de chegada da vacina

A gestão está a cargo do Estado de São Paulo, a primeira pessoa a ser vacina na cidade também não foi escolhida. Não houve ainda divulgação de um documento que mostre o plano de imunização estadual, a exemplo de outros estados

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O governo paulista afirmou que, nesta terça (19), deve enviar os insumos a pólos regionais para redistribuir as vacinas para os municípios, mas sem divulgar quantos são os pólos

De acordo com a Secretária de Saúde de Araraquara Eliana Honain, ainda não há previsão para a chegada da vacina. Ela afirmou ao RCIA que a gestão e logística das entregas às cidades do interior paulista estão a cargo do governo de São Paulo e esta informação ainda não repassada.

Em todas as capitais aonde a vacina já chegou, foram escolhidas as primeiras pessoas a serem vacinadas. Ainda de acordo com a secretária o município não definiu, quem seria a primeira pessoa a ser vacinada, mas ressaltou que de imediato serão vacinados os profissionais de saúde em seus locais de trabalho.

Estado de São Paulo sai à frente, mas não divulga planejamento

O governo paulista deu o pontapé inicial da vacinação no país no domingo (17), logo depois da aprovação do uso emergencial pela Anvisa e afirma que imunizou mais de mil profissionais da área da saúde em dois dias.

No interior, a vacinação teve início em apenas dois hospitais universitários. Não houve ainda divulgação de um documento que mostre o plano de imunização estadual, a exemplo de outros estados, que publicaram quantas dosagens serão enviadas para cada cidade e para quais centros regionais as vacinas são enviadas antes de redistribuição para os municípios.

Em nota, o governo paulista afirmou que, nesta terça (19), deve enviar os insumos a pólos regionais para redistribuir as vacinas para os municípios, mas sem divulgar quantos são os pólos regionais do estado ou quantas cidades receberão os insumos.

Estratégias de divulgação da gestão João Doria (PSDB) sobre a vacina já foram criticadas por especialistas na área. A própria divulgação da eficácia da Coronavac, feita em parceria entre o laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantan, foi confusa; de início, foi anunciada eficácia de 78% para casos leves da covid-19, um recorte secundário das pesquisas. Depois, o Butantan esclareceu que a eficácia geral é de 50,38%.

“Desde o início, se tem algo que falta [ao governo paulista] é transparência, dados”, observou o epidemiologista e professor da USP (Universidade de São Paulo) Paulo Lotufo.

O governo de São Paulo diz que houve transparência ao se falar sobre a vacina e diz que a CoronaVac foi o único imunizante no Brasil que deu “à imprensa oportunidades de indagações pormenorizadas sobre o estudo realizado”. Na nota, ainda diz que tem o compromisso de “apresentar informações corretas, de forma oficial, ao maior número possível de pessoas”.

Lotufo mencionou o recente painel compartilhado pela Anvisa sobre a situação das vacinas no país, com atualizações diárias a respeito das documentações enviadas por cada laboratório postulante para imunização. O painel foi divulgado em meio à queda de braço entre os governos federal e estadual a respeito da liberação de uso emergencial da vacina.

“Achei inteligente o que a Anvisa fez nos últimos tempos: pegou o que era enviado da papelada e a cada atualização, mexiam no painel sobre a situação das vacinas. Ficou mal para o Butantan, porque em alguns momentos faltou, sim, informação”, disse Paulo Lotufo, médico epidemiologista e professor da USP.

Em nota, o Butantan disse que, desde 9 de janeiro, quando foi notificado pela Anvisa sobre pendências na documentação, fez uma força-tarefa para apresentar os dados solicitados. “Toda a documentação foi entregue a tempo. O fato de a Anvisa ter solicitado mais informações, que foram prontamente atendidas pelo Butantan, não afetou o prazo previsto para autorização de uso do imunobiológico”.