A instalação de uma linha ferroviária que ligasse Araraquara com o sertão paulista no século 18 foi uma verdadeira epopéia, embasada em desafios, coragem e golpes. Em meio a esta aventura surgiram os ferroviários que formavam duas companhias: a Companhia Paulista de Estradas de Ferro e a Estrada de Ferro da Araraquarense que chegava até as barrancas do Rio Grande.
O ferroviário, isto é, o trabalhador das estradas de ferro, também tem o seu dia. É o 30 de abril. Por quê? Porque em 30 de abril de 1854 inaugurou-se a primeira linha ferroviária do Brasil, numa viagem que contou com a ilustre presença do Imperador Dom Pedro 2º e da imperatriz Tereza Cristina. A Estrada de Ferro Petrópolis, que tinha cerca de 14km de trilhos, ligava o Rio de Janeiro a Raiz da Serra, na direção da cidade que batizou a ferrovia. Ela foi um empreendimento do empresário Irineu Evangelista de Sousa, que por isso recebeu do governo imperial o título de barão de Mauá.
Hoje, pode não parecer, mas as estradas de ferro e seus trabalhadores já foram muito importantes para o desenvolvimento de nosso país. A história do Brasil, em diversos sentidos, caminhou sobre os trilhos dos trens, puxada pelas locomotivas. Quer um exemplo surpreendente? Os ingleses e o futebol As duas primeiras bolas de futebol trazidas para o Brasil, que introduziu aqui esse esporte britânico, foram utilizadas numa partida entre os funcionários da São Paulo Railway (estrada de ferro) e os da Companhia de Gás. Os ferroviários ganharam por 4 a 2.
Na verdade, assim como o futebol, a ferrovia é uma invenção dos ingleses. A primeira locomotiva da história foi projetada pelo engenheiro George Stephenson (1781-1848). Seus resultados para o transporte de carga e passageiros foram surpreendentes. Afinal, os transportes terrestres da época tinham tração animal e a locomotiva (de “locomotion”, locomoção, movimento) atingia uma velocidade incrível: 20 quilômetros por hora. Os trens rapidamente se difundiram no mundo e no Brasil. Aqui, em 1889 já havia 10 mil quilômetros de linhas férreas e, no centenário da inauguração da estrada de Mauá, em 1954, os trilhos já haviam atingido cerca de 40 mil quilômetros.
Ao longo de todo esse tempo, várias outras vezes os ferroviários ajudaram a transportar nossa história. A locomotiva da história Em 1930, Getúlio Vargas pegou um trem no Rio Grande do Sul e seguiu para o Rio de Janeiro, conduzindo as tropas gaúchas que iriam depor o presidente Washington Luís e começar um novo período da história nacional.
Da mesma maneira, viajavam de trem as tropas paulistas que se insurgiram contra Getúlio em 1932, lutando pela promulgação de uma nova Constituição. Na década de 1950, o trem era o principal meio de transporte entre as duas maiores cidades do país: São Paulo e o Rio de Janeiro. A ponte aérea só surgiria em 1959. Contudo, não foi o avião, mas a indústria automobilística, que o presidente Juscelino Kubitschek trouxe para o Brasil, na virada da década de 50 para a de 1960. Com isso, as estradas de ferro entram em decadência. Infelizmente, pois se trata de um meio de transporte eficiente, barato e limpo, no que se refere à poluição ambiental.
Hoje em dia, a malha ferroviária do país chega somente a cerca de 30 mil quilômetros, utilizada em sua maioria para o transporte de carga. Trem-bala Você pode estar pensando que isso é natural, que o trem era uma coisa do passado, que se tornou ultrapassada com o surgimento dos carros, dos ônibus, dos automóveis, mas isso absolutamente não é verdade. A importância do passado ressalta que as ferrovias também podem ser uma grande opção de transporte no futuro. Nas grandes cidades, os trens já são importantíssimos, transportando passageiros por debaixo da terra nos metrôs. Além disso, a tecnologia ferroviária evolui muito ao longo de quase dois séculos.
O trem-bala japonês, que une as cidades de Tóquio e Osaka, atinge uma velocidade média de 300Km/h. No Brasil o Ministério dos Transportes fala em abrir uma concorrência para criar uma PPP (Parceria Público-Privada) para a construção de um trem-bala entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Ele percorreria os 400Km que separa as duas cidades em uma hora e meia, viajanado a uma velocidade média de 280Km/h. Este talvez já seja um bom motivo para se comemorar com entusiasmo o dia do ferroviário.
EM ARARAQUARA
Nos anos dourados das estradas de ferro, principalmente da EFA e da Paulista, Araraquara possuía dois sindicatos que defendiam os interesses dos ferroviários. Ainda são eles que representam a categoria, porém, com menos força. Araraquara perdeu a sede do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas Ferroviárias – Zona Araraquarense (EFA) para São José do Rio Preto, sendo presidente da entidade, o ferroviário Osvaldo Pinto. Aqui hoje temos apenas a subsede que é administrada por Bruno Castelari.
Já o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias na Zona Paulista é a entidade representativa dos ferroviários da Paulista.