Goteiras, alagamento da quadra e a queda de uma parte da aba lateral do Gigantão constavam em 2004 de uma primeira denúncia efetuada pelos engenheiros Wilson Léo e Renato Monteiro de Almeida ao Ministério Público. Em 2019, por conta de novas rachaduras e infiltrações, acendeu um alerta para a Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo – interditar o Gigantão. A partir daí desencadeou-se uma disputa jurídica entre manter aberto ou fechado o ginásio de esportes.
No passado, indagados sobre a razão que os levou a indicar riscos de desabamento do Gigantão, ambos os engenheiros afirmaram em documento encaminhado à Prefeitura Municipal e ao Ministério Público que a denúncia foi graças à notícia publicada pela imprensa local de que – há décadas era constante o alagamento da quadra pela infiltração de águas das chuvas. “Se há décadas estava ocorrendo a infiltração, presumimos que isso acontecia há mais de dez anos e um dia, com o vazamento atravessando a estrutura e a ferragem”, comentou Léo.
Tecnicamente, assegurava o profissional, a infiltração leva o concreto a sua origem, que é o carbonato de cálcio; e leva a ferragem a sua origem, que é o sulfato de ferro, quer dizer, isso provoca mais rompimento na estrutura. “Naturalmente isso acontece com toda estrutura, quando ela começa a ruir”, explicava.
O pior, contudo estava por vir: no dia 29 de outubro de 2010, desabou parte da aba lateral do Gigantão, a entrada para a Fundesport, confirmando o que os dois engenheiros tinham previsto em 2004. Tanto Léo como Renato, chegaram a ser taxados de loucos e a nós do RCIA o prefeito Edinho Silva disse em nota que “estávamos sendo irresponsáveis em dar crédito à denúncia de Renato Monteiro e Wilson Léo”.
“A Prefeitura lamenta a tentativa de distorção dos fatos que apenas serve para confundir e alarmar a população sobre algo que não tem procedência. Para a Prefeitura, essa prática é uma irresponsabilidade que precisa ser repudiada”, disse o chefe do Executivo.
A nota da Prefeitura foi mais incisiva: “As fundações estão consolidadas e as movimentações da estrutura por efeito térmico estão previstas no projeto original. Ou seja, qualquer notícia que contrarie o laudo está equivocada”. Ora se as fundações estavam consolidadas por que as rachaduras? Perguntamos – são normais ou anormais. Acreditamos que nenhuma engenharia do mundo vai dizer que rachadura é normal num prédio ou construção. Logo, loucos são aqueles que poderiam considerá-las normais.
CARGA DO MINISTÉRIO PÚBLICO
De abril do ano passado até agora o assunto foi discutido jurídica e tecnicamente. No dia primeiro de janeiro em um termo de audiência o Ministério Público obrigou a Prefeitura de Araraquara a assinar documento como requerida em que se compromete a promover as licitações no prazo de 180 dias a contar de primeiro de janeiro, sendo uma licitação para impermeabilização da cobertura por onde a chuva faz pingar água na quadra e outra para o tratamento de concreto.
Também no documento o MP deixa para a Prefeitura a responsabilidade na realização de eventos com base no laudo que o município apresentou de que não há riscos pois o ginásio “está em perfeitas condições de estabilidade, oferecendo total segurança aos seus usuários e ao público em geral”. Parabéns ao Ministério Público que está defendendo a segurança da população e cá entre nós – tira de nós a ofensa do prefeito em nos chamar de irresponsáveis pela divulgação da denúncia feita pelos engenheiros.
O COMPROMETIMENTO DA PREFEITURA
Documento assinado pelo município se comprometendo em providenciar a impermeabilização do teto e tratamento do concreto na parte estrutural.