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Parceria garante exame de acuidade visual e doação de óculos a crianças da rede municipal

Programa “Olha e Vê” tem início em unidades escolares inseridas nos “Territórios em Rede”

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Uma parceria inédita vai facilitar o aprendizado das crianças da rede pública municipal de Araraquara. É o programa “Olha e Vê”, cujo objetivo é avaliar a acuidade visual, disponibilizar o exame oftalmológico e, por meio de doação das entidades parceiras, oferecer óculos aos alunos. A iniciativa é do CRESEP (Hospital de Olhos), em parceria com a Secretaria Municipal da Educação e conta com o apoio do Lions Club Araraquara Santa Cruz, Rotary Club Leste (Banco de Óculos), Assembleia Estrelas de Isis, Capítulo Araraquara, a multinacional francesa fabricante de lentes Essilor, Óticas Fabrilen, Óticas Lupo, Óticas Manzolli e a ETEC “Anna de Oliveira Ferraz”.

O programa teve início nas unidades escolares instaladas nos bairros com mais vulnerabilidades social, pertencentes ao programa Territórios em Rede.

Nos Centros de Educação e Recreação (CERs), serão avaliadas crianças das 3ª, 4ª e 5ª etapas. Já nas Escolas Municipais de Educação Fundamental (EMEFs), as avaliações deverão ser aplicadas em alunos dos 1º e 2º anos.

Numa primeira fase do programa, que foi encerrada na última sexta-feira (8), na EMEF “Henrique Scabello”, do Jardim das Hortênsias, as crianças passaram por uma avaliação de acuidade visual. Além disso, foi utilizado um equipamento computadorizado inovador, vindo dos Estados Unidos, que, em alguns instantes, dá o diagnóstico completo dos possíveis problemas visuais que a pessoa possa apresentar.

A secretária da Educação, Clélia Mara dos Santos, destacou a importância da parceria para as crianças da rede municipal de ensino. “Por certo que a visão é responsável por uma parte importante do processo de desenvolvimento de uma criança. É observando que as crianças captam informações e exercitam os sentidos, interagem social e intelectualmente e favorecem diferentes aprendizagens”, analisa ela, agradecendo todas as instituições pela parceria. “Esta parceria vai propiciar a descoberta e tratamento precoce de possíveis déficit de visão de alunos em tenra idade, o que facilitará o tratamento e superação ou minimização do problema”, completa Clélia.

Para a secretária, o programa, inovador na rede, representará para muitas crianças a possibilidade de superação de problemas de visão que influenciam e dificultam o seu desenvolvimento cognitivo, aprendizagem e socialização. “Como diz José Saramago: ‘Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara’. E se nós podemos influir positivamente no cuidado, desenvolvimento e educação das crianças, que façamos já, que façamos bem feito e que façamos em parceria, para que elas alcancem todas as suas possibilidades e sonhos e façam bom uso de todas as suas aptidões”, conclui a secretária.

A diretora da EMEF “Henrique Scabello”, Sandra Aparecida De Santi Moretti, também considera o programa de extrema importância para a escola e seus alunos. “Problemas de acuidade visual é uma das coisas que mais pode dificultar a alfabetização. Então, a vinda deste serviço até a unidade escolar favorece e democratiza o acesso a uma questão que é muito importante para todos nós”.

Avaliação de especialista

Um dos idealizadores do projeto, o oftalmologista José Augusto Cardillo, do CRESEP, explica que existem estudos que comprovam a relação entre a dificuldade de aprendizagem com os problemas oftalmológicos. “Existem estudos prévios, que não são nossos, mas do próprio Conselho Brasileiro de Oftalmologia, e mesmo em nível mundial, que comprovam que muitas das crianças que têm baixo rendimento escolar, principalmente nesta faixa dos 4 até os 8 anos de idade, ele se deve à falta de visão”, aponta o oftalmologista. Ele ressalta, ainda, que, muitas vezes, a criança tem dificuldade de identificar sozinha que possui problemas de visão. “Por ser muito nova, às vezes, a criança não tem uma referência do que é enxergar bem ou enxergar mal”, explica ele.

O médico acredita que o programa é inovador e deverá se tornar referência para o Estado de São Paulo, para o Brasil e até mesmo para o mundo.

As crianças que apresentaram algum problema visual na primeira etapa do projeto estão sendo encaminhadas ao CRESEP, para uma consulta oftalmológica. Na última etapa, aqueles que necessitarem de óculos poderão escolher a armação e receberão as lentes corretivas das empresas parceiras.

“São mais de 8 mil crianças neste processo de triagem. Nós já temos praticamente 200 crianças selecionadas no início do projeto, que serão encaminhadas para consulta. E vale destacar que tudo está sendo ofertado gratuitamente”, reforça o especialista.