No sábado passado (22), o prefeito Edinho Silva anunciou a recuperação estrutural e a impermeabilização da cobertura do Ginásio de Esportes Castelo Branco, o Gigantão. O principal símbolo arquitetônico da cidade receberá um investimento de R$ 3.755.663,06, que faz parte de um contrato de R$ R$ 12 milhões assinado em 9 de julho com Finisa II, braço de apoio do Governo Federal para obras de – saneamento e infraestrutura.
O Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa) é um produto lançado pela CAIXA em 2012 para facilitar e ampliar a concessão de crédito para obras de saneamento ambiental, transporte e logística e energia. Nas operações de financiamento em saneamento e infraestrutura, a CAIXA monitora o cumprimento de suas políticas de responsabilidade social empresarial, ambiental e de crédito. Em 2013, foi lançado o Finisa – Luz para Todos, uma nova modalidade para financiar investimentos em infraestrutura elétrica aos setores público e privado.
Ao anunciar a recuperação estrutural e a impermeabilização do Gigantão o prefeito foi taxativo: “Vamos acabar com essa polêmica sobre a estrutura do Gigantão fazendo todas as obras preventivas necessárias, inclusive as que poderiam ser realizadas nos próximos anos”, afirmou Edinho.
A ordem de serviço para o início das obras deve ser dada em breve e o prazo de execução será de 360 dias. A empresa Gomap Engenharia e Construções Eireli será a responsável pelas obras. De acordo com o prefeito, as obras são fruto de conciliação entre a Prefeitura e o Ministério Público, considerando que houve desabamento de uma parte do Gigantão em 29 de outubro de 2010.
LEMBRANDO O CASO
Em abril do ano passado o RCIA teve acesso a denúncia feita ao Ministério Público de Araraquara pelos engenheiros Wilson Léo e Renato Monteiro de Almeida. O questionamento sobre riscos de queda do Ginásio de Esportes teve início em 2004 e em janeiro deste ano publicou em suas páginas que – goteiras, alagamento da quadra e a queda de uma parte da aba lateral do Gigantão constavam em 2004 de uma primeira denúncia efetuada pelos engenheiros Wilson Léo e Renato Monteiro de Almeida ao Ministério Público.
Em 2019, por conta de novas rachaduras e infiltrações, acendeu um alerta para a Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo – interditar o Gigantão. A partir daí desencadeou-se uma disputa jurídica entre manter aberto ou fechado o ginásio de esportes.
No passado, indagados sobre a razão que os levou a indicar riscos de desabamento do Gigantão, ambos os engenheiros afirmaram em documento encaminhado à Prefeitura Municipal e ao Ministério Público que a denúncia foi graças à notícia publicada pela imprensa local de que – há décadas era constante o alagamento da quadra pela infiltração de águas das chuvas. “Se há décadas estava ocorrendo a infiltração, presumimos que isso acontecia há mais de dez anos e um dia, com o vazamento atravessando a estrutura e a ferragem”, comentou Léo ao RCIA.
Tecnicamente, assegurava o profissional, a infiltração leva o concreto a sua origem, que é o carbonato de cálcio; e leva a ferragem a sua origem, que é o sulfato de ferro, quer dizer, isso provoca mais rompimento na estrutura. “Naturalmente isso acontece com toda estrutura, quando ela começa a ruir”, explicava.
O pior, contudo estava por vir: no dia 29 de outubro de 2010, desabou parte da aba lateral do Gigantão, a entrada para a Fundesport, confirmando o que os dois engenheiros tinham previsto em 2004. Tanto Léo como Renato, chegaram a ser taxados de loucos e a nós do RCIA o prefeito Edinho Silva disse em nota que “estávamos sendo irresponsáveis em dar crédito à denúncia de Renato Monteiro e Wilson Léo”.
O prefeito em nota disse ainda que – “A Prefeitura lamenta a tentativa de distorção dos fatos que apenas serve para confundir e alarmar a população sobre algo que não tem procedência. Para a Prefeitura, essa prática é uma irresponsabilidade que precisa ser repudiada”, disse o chefe do Executivo.
A nota da Prefeitura foi mais incisiva: “As fundações estão consolidadas e as movimentações da estrutura por efeito térmico estão previstas no projeto original. Ou seja, qualquer notícia que contrarie o laudo está equivocada”. Ora se as fundações estavam consolidadas por que as rachaduras? Perguntamos – são normais ou anormais. Acreditamos que nenhuma engenharia do mundo vai dizer que rachadura é normal num prédio ou construção. Logo, loucos são aqueles que poderiam considerá-las normais.
CARGA DO MINISTÉRIO PÚBLICO
De abril do ano passado até janeiro deste ano o assunto foi discutido jurídica e tecnicamente. No dia primeiro de janeiro em um termo de audiência o Ministério Público obrigou a Prefeitura de Araraquara a assinar documento como requerida em que se compromete a promover as licitações no prazo de 180 dias a contar de primeiro de janeiro, sendo uma licitação para impermeabilização da cobertura por onde a chuva faz pingar água na quadra e outra para o tratamento de concreto.
Também no documento o MP deixa para a Prefeitura a responsabilidade na realização de eventos com base no laudo que o município apresentou de que não há riscos pois o ginásio “está em perfeitas condições de estabilidade, oferecendo total segurança aos seus usuários e ao público em geral”.
Em janeiro o RCIA cumprimentou o Ministério Público por defender a segurança da população, tirando do nosso jornalismo a ofensa do prefeito em nos chamar de irresponsáveis pela divulgação da denúncia feita pelos engenheiros.
TAC – TERMO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
Documento assinado pelo município em novembro do ano passado se comprometendo em providenciar a impermeabilização do teto e tratamento do concreto na parte estrutural.