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Saúde de Araraquara precisa de mais R$ 5 milhões por mês para acabar com fila de espera

A secretária de Saúde Eliana Honain, participou de uma reunião com o Conselho Municipal de Saúde, para esclarecer os motivos  que levam a cidade e região a terem fila de espera para exames e cirurgias

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A Secretária de Saúde Eliana Honain, e Rosana Nasser, membro do Conselho de Saúde Municipal

Na manhã desta quinta-feira (16), a Secretária municipal de Saúde, Eliana Honain, recebeu o Portal RCIA para uma reunião com o Conselho Municipal de Saúde, para dar explicações sobre as filas que pacientes enfrentam no sistema SUS na cidade.

A Secretária afirma que a cidade, como é referência regional, recebe pacientes de 18 municípios para algumas especialidades e também para urgência e emergências. A Gota de Leite recebe pacientes de oito cidades da região.

Em um caso específico denunciado pelo portal, onde há nove meses a paciente Daniele Rodrigues de Souza, de 32 anos, aguardava por uma cirurgia de vesícula, a Secretária afirma que ela segue protocolos médicos que não foram criados por ela. Perguntada sobre o que era efetivamente emergência para ela, neste caso ela respondeu que o critério e o protocolo são para quando está com obstrução e não apenas dor. Eliana disse também que Daniele vem sendo assistida todo esse tempo pela rede básica de saúde.

O presidente do Conselho Municipal de Saúde, Haroldo Campos, diz que está acompanhando os casos mais críticos, inclusive os que são noticiados pela mídia e rede social. Reuniões já foram realizadas com a direção da Santa Casa para discutir esta fila existente e quais são os problemas, para que eles possam ser resolvidos. “Esta fila não é nova, é que as pessoas descobriram a internet para fazer reclamações e nós pegamos esses dados e corremos atrás. Isso não significa que a secretaria não esteja trabalhando, pois viramos o ano novo eu e a secretária, tentando resolver o problema de uma paciente, mas existe uma série de problemas que temos que discutir, como financiamento e o fato do Hospital Estadual de Américo Brasiliense (HEAB – AME), não estar recebendo pacientes prioritários” – afirmou Haroldo.

O presidente diz também que o conselho de saúde não existe somente para cobrar ou apagar incêndio junto à Secretária, “existe também uma proposta de estar estimulando a promoção na saúde, avaliando o bom andamento das unidades básicas, enfim, o que preconiza a lei, além de fiscalizar, pois o SUS é para todos”, ressaltou Campos.

Marlene Lopes, Rosana Nasser, Eliana Honain, Haroldo Campos, Ellen Held,Jéssica Brandão, Silvio Bener e Carlos Roberto

Segundo Eliana, na questão da fila do ultra-som, é que na maioria das consultas que são feitas é solicitado ao paciente este exame, e cada um deles custa ao município pela tabela SUS, R$ 29 reais cada, e não há na rede prestador suficiente para que seja feito neste valor o número necessário para suprir a demanda. “Para eu suprir toda a demanda entre exames e cirurgias, eu precisaria de mais R$ 5 milhões por mês, a mais do que a verba que temos para a saúde, nem Estado nem União falam em financiar a mais a saúde. O Ministério Público acompanha mensalmente nossas listas de espera”, diz a Secretária.

Vale ressaltar que o orçamento anual da Saúde do município fica em torno de R$ 300 milhões, com 68% de recurso próprio, e 32% que vem do Ministério da Saúde que é vinculado. Já o Estado de São Paulo repassa somente um recurso para o Dose Certa, que são medicamentos da atenção básica que é obrigatório, e um auxílio para as fitas de glicemia que, geralmente, estão atrasados.

“Quando conversamos com os órgãos do Estado para financiamento da saúde, eles dizem: temos o Hospital do Estado em Américo Brasiliense, mas este hospital trabalha praticamente de portas fechadas, pois não são todas as patologias que ele atende, fechou 22 leitos e uma enfermaria no final do ano de 2019. Temos um contrato fechado mensalmente com eles, deu aquela quantidade, não atende mais. Não é como a Santa Casa que atende tudo que encaminhamos e anualmente fazemos um encontro de contas e pagamos, só no final de 2019, a conta apresentada foi de R$ 3 milhões de trabalhos realizados a mais, agora em janeiro vamos sentar e negociar com ela”, disse Eliana.

Já no AME, ela ressalta que aquilo que consta em contrato é seguido à risca, não atende nenhum paciente a mais. “Cerca de 90% dos atendimentos que são feitos no AME, são de Araraquara, mas nossa fila não é respeitada, se alguém vai ao oftalmologista e quer passar por um urologista, já faz isso direto, sem passar por fila, então aquele paciente que era prioridade, fica sem a vaga porque alguém usou direto, e conta como usado por Araraquara, e lá se usa cronologia e não prioridade. Quando eu disse a eles que tinha uma fila de 34 pacientes de urologia na fila, foi recusado, pois me avisaram que já tinham uma demanda muito grande, gerada lá dentro e não atenderiam sem que o Estado aumentasse o contrato. Negociamos com a Santa Casa em um valor diferenciado e estes 34 pacientes começaram a ser atendidos”, afirmou a secretária.

Ainda segundo Honain, em Araraquara a incidência de problemas com cálculos renais e vesícula vem aumentando consideravelmente, tanto que a rede básica contratou mais um urologista.

Outros assuntos também foram tratados na reunião com a participação de membros do Conselho da Saúde, como Marlene Lopes, Rosana Nasser, Ellen Held, Carlos Roberto, Silvio Bener e Jéssica Brandão. Em breve, o Portal publicará outras matérias tratando de outros problemas enfrentados pela saúde em Araraquara, que foram discutidos na reunião.