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O fim do vigilante que enfrentava perigos para manter a lei e a ordem nas rodovias de São Paulo

Conhecido por sua trajetória marcante na Polícia Militar Rodoviária e como o Vigilante Rodoviário, ícone da polícia paulistana, Carlos morreu de causas naturais no hospital de São João da Boa Vista.

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Ator marcou a nossa infância e as nossas vidas na televisão brasileira

Morreu ontem (17), em São João da Boa Vista, o ator e tenente-coronel da reserva Carlos Miranda, eternizado como o “Vigilante Rodoviário”, em sua atuação da série de mesmo nome, nos anos 60, em que enfrentava perigos para manter a lei e a ordem nas rodovias de São Paulo. O sepultamento se deu nesta manhã, sob forte comoção, notadamente por quem acompanhou a série do vigilante na tv brasileira.

Conhecido por sua trajetória marcante na Polícia Militar Rodoviária e como o Vigilante Rodoviário, ícone da polícia paulistana, Carlos morreu de causas naturais no hospital do município, aos 91 anos.

Com 38 episódios divididos em três temporadas, o programa foi o primeiro seriado produzido na América Latina e transformou o inspetor Carlos e seu cão em heróis das estradas.

Após dar vida ao personagem, Miranda entrou para a Polícia Militar Rodoviária do Estado de São Paulo, onde trabalhou por décadas, encerrando sua carreira na corporação como tenente-coronel.

AMIZADE

O escritor Carlos Gomes, um grande amigo do herói na TV, fala que Miranda já estava há meses entre sua casa e o hospital e, de uns tempos para cá, já não reconhecia ninguém. “Pouco antes de ficar doente, ele me fez uma visita na Ilha Caraguatá. Disse que tinha muitos planos e estava finalizando o seu livro. Infelizmente não deu tempo”. Ele lamenta ainda a perda do amigo e ídolo de infância. “O Brasil perde seu maior herói da TV, que encantou gerações”, diz.

A amizade entre os dois começou em 1987 e, desde então, foram muito próximos. “Eu tinha recebido uma revista com uma matéria sobre ele e vi que ele estava em Itanhaém, perto de onde moro. Entrei contato com o telefonista, falei o nome dele e a chamada caiu na casa dele. A partir daí não nos desgrudamos mais. Ele frequentava a minha casa, eu ia na casa dele, montamos alguns eventos, o próprio fã-clube. Era meu herói de infância que se tornou meu amigo na fase adulta”.

Em 2018, Gomes e Saulo Adami se juntaram para eternizar e homenagear Miranda com o livro “O Vigilante Rodoviário”, que conta bastidores e também inclui curiosidades sobre o programa, além de histórias dos primeiros passos da televisão brasileira. “Foi um presente surpresa, ele não tinha ideia que escreveríamos [o livro]. Conversamos com o Carlos e até com o diretor da série, Ary Fernandes. Uma vez ele me falou que era seu livro de cabeceira e fiquei extremamente orgulhoso e feliz com o trabalho que fizemos”.

LEGADO

Hoje, Gomes pretende continuar com o fã-clube, fazendo o máximo para manter o legado do amigo. Ele revela que estão com planos de montar uma exposição com itens usados por Miranda na série, além de recuperar os episódios do programa. “Conseguimos os primeiros 37 [episódios] já! Agora estamos atrás do capítulo final, o 38º, ‘Orquídea Selvagem’ para ficar com o programa completo”, comenta.

O velório aconteceu ontem (segunda), na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), no Hall Monumental. Foi aberto ao público. O sepultamento ocorreu na manhã desta terça-feira (18) no Mausoléu da Polícia Militar, no Cemitério do Araçá.