Home Cultura e Lazer

Adriana Amaral conquista o Prêmio Referência no 22º Território da Arte de Araraquara

Obra premiada é uma imersão sensorial que pode ser visitada gratuitamente até 8 de junho, no Teatro Municipal

64
A obra, apresentada em exposição no Teatro Municipal Clodoaldo Medina, é composta por 2 fotografias, oriundas de uma totalidade de 34 elementos visuais e sensoriais do projeto original

A artista visual Adriana Amaral, de Ribeirão Preto, foi reconhecida com o Prêmio Referência, principal honraria do 22º Território da Arte de Araraquara, com a obra “Astéria: entre o interno e o externo” — um trabalho construído em parceria com o artista João Cazzaniga, resultado de uma imersão artística no Parque Nacional de Itatiaia (RJ), promovida pela Casero Residência, em novembro de 2023.

A obra, apresentada em exposição no Teatro Municipal Clodoaldo Medina, é composta por 2 fotografias, oriundas de uma totalidade de 34 elementos visuais e sensoriais do projeto original (31 fotografias, um vídeo, um áudio e um objeto). As peças revelam a fusão das visões de dois artistas distintos sobre uma mesma paisagem e temática — e propõem um mergulho simbólico em questões sobre identidade, ruína, tempo, corpo e paisagem.

Astéria, personagem que dá nome à obra, é uma recriação mitológica do Minotauro grego, agora apresentada em versão feminina. Trajando um vestido cor-de-rosa e portando um crânio bovino, ela aparece como uma entidade híbrida, que perambula pelas ruínas do antigo Hotel Simón como um fantasma sensível — à procura de saída ou, talvez, de permanência. Nesse labirinto entre o íntimo e o externo, a figura de Astéria oscila entre a fuga e o enfrentamento de si, conduzindo o espectador a confrontar os próprios labirintos internos.

As imagens — por vezes sombrias, por vezes luminosas — transitam por estratos de significação que abordam temas como identidade de gênero, os ciclos de vida e morte, e a complexa relação entre natureza e decadência arquitetônica.

A proposta da obra se inscreve no campo das ambiguidades e a construção da narrativa visual está alicerçada também na literatura, com referência à obra “A Casa de Asterion”, de Jorge Luis Borges, em que o próprio Minotauro narra, com delicadeza e solidão, seu confinamento interior. Essa intertextualidade amplia os sentidos da obra e convida o público a decifrar os enigmas propostos não apenas com os olhos, mas com o corpo e a memória.

Adriana Amaral atua como artista visual desde 2003, e desenvolve uma produção que transita entre fotografia, vídeo, colagem, aquarela, cerâmica e instalações, com foco na investigação do feminino, das ausências e da memória. Tem obras em acervos importantes, como o MARP (Ribeirão Preto), Museu de Artes Visuais da UNICAMP, MAC de Jataí e MARCO-MS, e já participou de salões e exposições no Brasil e no exterior.

Além de Adriana, outros quatro artistas foram premiados nesta edição do Território da Arte. A exposição, que reúne 52 artistas de várias regiões do país, é uma realização da Secretaria Municipal da Cultura e Fundart, reafirmando o evento como um dos mais relevantes espaços de arte contemporânea do interior paulista.

A visitação é gratuita e ocorre até 8 de junho, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, no Teatro Municipal Clodoaldo Medina, localizado na Praça Lívio Abramo, Jardim Primavera.