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Bar do Zinho completa 67 anos como um dos principais pontos de cultura de Araraquara

Boteco está com as atividades culturais paralisadas por conta da pandemia e age com cautela sobre retorno de shows e eventos

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Bar do Zinho

“Frequente Bar. Bar é Cultura!” Com essa máxima, o Bar do Zinho segue por quase sete décadas de muitos goles e histórias. Entre os mais antigos e tradicionais de Araraquara, ele completa 67 anos nesta quarta-feira (12). Com uma freguesia assídua dividida entre a “velha guarda” e os jovens, o local se destaca pelo ambiente plural, abrangendo todas as classes sociais e diferentes tribos.

Fundado pelo saudoso João Colturato em 12 de maio de 1954, ao longo dos anos o estabelecimento tem sido palco de shows musicais, conversas políticas, jogos de futebol, eventos culturais e bate-papo entre amigos acompanhados por cerveja gelado, petiscos, porções e lanches, entre eles o famoso bauru.

O Bar do Zinho abriu suas portas na esquina da Av. Bandeirantes com a Rua Cinco (Rua Voluntários da Pátria), permanecendo por lá até 1959, quando mudou-se definitivamente para o local atual.

Nas décadas de 60, 70 e 80, era bastante frequentado por figuras da política local, como Waldemar de Santi, Reginaldo Galli, Mário Malara, entre outros. Também nesse período o bar já demonstrava sua vocação para a música. Havia encontros musicais entre seus frequentadores, seja para ouvir ou tocar música. Juntando música e política, foi lá que surgiu a idéia da “Seresta Caminhos do Sol“, idealizada por Reginaldo Galli.

ANOS 90

A partir dos anos 90, o bar começa a mudar algumas de suas características, sobretudo de público.  Francisco Salles Colturato, filho do Zinho, começa a trabalhar no bar em 1993. “Fran”, como é mais conhecido, estimulou ainda mais a questão cultural do estabelecimento.

Com a chegada dos “cabeludos”, motivados pela promoção da cerveja Malt 90, o bar começou sua era rock, abrindo espaço para novas bandas do cenário local e regional do gênero.

PRAÇA DAS BANDEIRAS

Diversos eventos culturais, como a Feira do Pôr do Sol, foram realizados na Praça ao longo dos últimos anos

O crescimento de público foi estrondoso e, aos finais de semana, o bar não tinha hora para fechar. Como está localizado ao lado da Praça das Bandeiras, os problemas começaram a surgir. O tráfico de drogas passou a rolar solto na praça e, sem ter como controlar a situação, Fran decidiu limitar o horário de funcionamento do Bar do Zinho até às 23h, como uma maneira de coibir a criminalidade.

Outra ação encabeçada pelo bar e amigos da praça foi a criação, há pouco mais de uma década, da Associação de Amigos da Praça das Bandeiras, que passou a ocupar o local com atividades culturais, como shows musicais, teatro, cinema, feiras de artesanato, entre outros.

Nos últimos anos, antes da pandemia, na praça ocorreu o maior carnaval popular da cidade, reunindo quase 10 mil pessoas em um único dia. No ano passado, a Câmara acrescentou o nome do fundador do bar à praça, que hoje chama Praça das Bandeiras João “Zinho” Colturato.

ATUAL MOMENTO 

Fran, no comando do Bar do Zinho desde a década de 90

Mas aí veio a pandemia. O bar seguiu as determinações do decreto municipal e do Plano SP e fechou suas portas temporariamente. Com poucos funcionários e com ajuda de familiares, Fran conseguiu manter o bar aberto e agora retorna aos poucos, dentro do permitido e tomando todos os cuidados necessários. “Estou desde 1993 encabeçando mudanças e inovações no Bar do Zinho.

Posso dizer com propriedade que o Bar do Zinho em seus 67 anos de existência jamais passou por algo parecido com o atual momento. Por ser um bar frequentado por todas as faixas etárias e sendo um atualmente um berço cultural, fica difícil sobreviver somente com delivery”, analisa Fran.

Sobre o retorno das atividades e eventos culturais, ele avisa que terá muita cautela, para evitar aglomerações. Shows de rock, MPB, sertanejo, samba e outros gêneros ocorriam semanalmente na Bar do Zinho.

JOÃO “ZINHO” COLTURATO

Zinho abriu o Bar há exatos 67 anos

Nascido em 05/10/1926 e registrado somente em 15/10/1926, João “Zinho” Colturato foi padeiro em sua juventude e depois se tornou caminhoneiro. Vendeu seu caminhão e, com seu pai, Fausto Colturato, comprou o prédio situado na Av. Bandeirantes, esquina com a Rua Voluntários da Pátria, onde em 12/05/1954 fundou o Bar do Zinho.

Foram cinco anos de dedicação, economizando, para comprar o prédio na Rua Voluntários da Pátria, esquina da Av. Fausto Colturato, onde o bar está localizado até hoje.

Casou-se em 22/05/1955 com Dizolina Angela Pirolla Colturato. Dessa união nasceram cinco filhos: Maria Tereza Colturato (17/09/1957), Fausto Colturato Neto (22/11/1959), Silvia Renata Colturato (14/08/1961), Francisco Salles Colturato (10/05/1964) e Fernanda Clara Colturato (26/12/1967).

Pessoa extremamente católica, atuou em igrejas da cidade como Ministro da Eucaristia e Ministro da Esperança. “Seo Zinho”, como era carinhosamente chamado por amigos e clientes do bar, faleceu em 10/07/2013.