Tudo começou em um dos bairros mais tradicionais de Belo Horizonte/MG: o Santa Tereza. Nascia, ali, na década de 60, uma amizade icônica entre Milton Nascimento, o Bituca, e os irmãos Borges (Marilton, Márcio e Lô).
Em paralelo a essa amizade, sonhos sem limites, corações que batiam sem medo e muito amor pela música, em encontros regados a uma gama de influências que reunia jazz, rock, música erudita e capira, bossa nova e até de ritmos folclóricos e latinos.
Todo esse movimento ficou conhecido como Clube da Esquina que, além de seus idealizadores, contava o com envolvimento de compositores como Beto Guedes, Flávio Venturini, Toninho Horta, Wagner Tiso, Tavinho Moura, Tavito, Nelson Angelo, Robertinho Silva, Luiz Alves, Vermelho e Rubinho.
E o primeiro registro em disco dessa iniciativa chegaria para mudar a história da música nacional há exatas cinco décadas. Logo, o citado álbum, batizado apenas “Clube da Esquina”, lançado em março de 1972, conta com canções como “Cais”, “Trem Azul” e “Nada Será Como Antes”. Em 1978, sairia o volume 2.

Para o professor César Aiello, apresentador do programa de rádio “Todas As Esquinas do Brasil”, na Uniara FM, um fator que fez a diferença na vivência musical desses jovens era a amizade entre eles. “Todos eram ótimos músicos e, juntos, deram vida a um material de vanguarda, que é icônico dentro da música brasileira. Dentre todos, destaco, sempre, o Milton Nascimento, um dos gênios da cultura mundial”, completa.
Além das composições engajadas e a miscelânea de sons, a capa de “Clube da Esquina” traz a foto de dois meninos, Cacau e Tonho, fotografados em uma estradinha de terra nas proximidades de Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro, próximo de onde moravam os pais adotivos de Milton Nascimento.
Assim como Aiello, Fabiano Marchesini, professor e violonista araraquarense referência no País, também pontua a genialidade de Milton Nascimento, porém faz questão de ressaltar o trabalho instrumental de Toninho Horta. “Ele tem uma identidade única. Consegue, como poucos, colocar a sua maneira de tocar num gênero como esse. Admiro muito o trabalho dele”, finaliza.
Por Matheus Vieira