Figura singular conhecida, popularmente, na cidade de São Paulo como Fofão da Augusta devido à sua excêntrica aparência, o araraquarense Ricardo Corrêa teria sua trajetória de dramas e glamour relatada na sala escura.
E quem seria responsável por levar sua personalidade ao cinema seria o ator Paulo Gustavo, vítima da Covid-19 em maio deste ano aos 42 anos, que faria sua estreia em uma obra de drama.
A informação foi dada pelo jornalista Chico Felitti, autor do livro Ricardo e Vânia, durante o podcast “Isso Está Acontecendo”. Vale dizer que Vânia Munhoz, brasileira radicada na França, um dia se chamou Vagner e foi o amor da vida do araraquarense.
“No fim de 2019, eu recebi uma ligação me dizendo que, talvez, o livro tivesse um protagonista para a telona. Esse ator era o Paulo Gustavo, que leu o material e afirmou um interesse em viver o Fofão da Augusta”, conta Felitti.

Ricardo Corrêa nasceu em Araraquara e viveu aqui até a adolescência, quando foi para São Paulo em busca de novas oportunidades. Há vinte anos, ele circulava pela região das ruas Augusta e Paulista, onde liderou uma trupe de palhaços, distribuiu panfletos. Nos seus últimos anos, pedia esmolas.
Por trás do apelido ofensivo, havia um cabelereiro disputado nos anos 1970 e 1980, que falava francês e inglês, trabalhou com atrizes famosas. Foi drag queen e artista de rua. Teve dinheiro e frequentou o underground. Perdeu tudo.
Em 2017, um leito do Hospital das Clínicas de São Paulo foi ocupado por um homem sem identidade e o jornalista Chico Felitti se empenhou em conhecer sua história.
Depois de quatro meses de investigação, Felitti publicou uma reportagem que viralizou e em poucos dias, alcançando mais de um milhão de pessoas. Ricardo Corrêa morreu em dezembro de 2017, aos 60 anos. Hoje, sua história tornou-se, no Brasil, temas de palestras e discussões relacionadas ao universo LGBTQIA+.
(Por Matheus Vieira)