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Fusca conversível dos sonhos

Paixão que passou de pai para filho inspirou projeto construído em Araraquara

1864
Fusca conversível rodou pela primeira vez no início de 2006

Dizem que depois de certa idade, o homem é igual ao fusca. Não importa o ano de fabricação e sim o estado de conservação. Comparações à parte, fato é que o fusca exerce um grande fascínio em muita gente.

O barulho peculiar do motor, o cheiro característico de seu interior, a lembrança de uma passagem da infância e a memória de pessoas queridas mexem com os sentidos dos “fuscamaníacos”. Tanto que até datas comemorativas esse carro tem. Dia 20 de janeiro é o Dia Nacional do Fusca. Já o Dia Mundial é celebrado em 22 de junho.

Alicio Torres Junior, 72, herdou a paixão pelo fusca de seu pai, ainda criança. Mas foi a partir da década de 1960 que ele adquiriu o primeiro de uma série. “Comprei meu primeiro fusca em 1966. Era um modelo 62”, revela o aposentado.

Passadas mais de três décadas, o sentimento se fortaleceu e, no ano 2000, Alicio comprou um modelo da última série fabricada no País: um carro cinza chumbo 95, modelo 96.

Modelo da última série fabricada no País: um carro cinza chumbo 95, modelo 96, adquirido por Alicio em 2000

A partir desse veículo, ele começou a projetar o “fusca dos sonhos”. “Sempre tive vontade de ter um fusca conversível. A partir desse último modelo feito no Brasil fiz o projeto no ano de 2004”, acrescenta Alicio.

Com as imagens no computador, Alicio, com o auxílio de um amigo, também funcionário do Sesi, fez os cortes de como gostaria que ficasse o veículo. Mas ainda faltavam encontrar o carro a ser modificado e quem executasse o serviço.

Alicio Torres Jr e seu fusca conversível: carro é guardado com todo o cuidado na garagem de sua casa

“Certa vez, estava em um lava-jato lavando meu carro e vi uma vespa totalmente restaurada. Perguntei para o dono da motocicleta quem havia feito o serviço e ele me passou um funileiro da Vila Xavier chamado Nei”, relembra Alicio.

Detalhe do painel e direção do veículo

Ele procurou o profissional, que abraçou o desafio. Alicio, então, comprou um carro velho no Pinguim e, um ano e meio depois, seu sonho se tornava realidade. “Registrei todas as etapas do projeto e da execução e em 3 de fevereiro de 2006 ele rodou pela primeira vez”, recorda.

Detalhe da roda do fusca conversível

Da mesma maneira que Alicio foi inspirado por seu pai a ter o “fusca dos sonhos”, a filha Larissa também pegou gosto pelo carro popular da Volks. E já que o pai conseguiu ter o fusca conversível que tanto desejava, ela ficou com o modelo cinza-chumbo, da última série produzida em solo brasileiro.

Detalhe do câmbio do fusca de Alicio Torres Jr

LINHA DO TEMPO

– A pedido do ditador alemão Adolf Hitler, Ferdinand Porsche desenvolveu e produziu na década de 30 o Volkswagen (VW).

– Em 1939, devido ao início da Segunda Guerra Mundial, o Volkswagen acabou virando veículo militar.  

– O Volkswagen ganhou o Brasil, ainda como produto de importação, a partir de 1950.

– O “carro do povo” só passou a ser oficialmente produzido no País em 1959.

– Na década de 1970, o Fusca sofre importantes transformações e bate recordes de venda.

– O nome Fusca, pelo qual o automóvel era popularmente conhecido, passou a ser oficialmente adotado em 1983. Até então era oficialmente denominado “VW Sedan” nos registros do Detran.

– Em 1986, a Volkswagen desistiu de produzi-lo no Brasil, mas em 1993, por sugestão do então presidente Itamar Franco, a empresa voltou a fabricar o modelo.

– Em 1996, a empresa encerra definitivamente sua linha de produção. O último modelo do Fusca foi produzido no México em 2003.