Na próxima terça-feira, 23 de fevereiro, a Secretaria Municipal da Cultura e a Fundart dão início a mais uma edição da Mostra Audiovisual Wallace Leal Valentin Rodrigues, com diversas exibições e atividades online. Esta nona edição – que vem coroada pelo recorde de 448 filmes inscritos – poderá ser acompanhada pela plataforma streaming em diversidade e equidade, TodesPlay (todesplay.com.br).
A programação apresenta: 6 longas-metragens, 10 curtas-metragens, 4 mesas de bate-papo, 2 oficinas e 1 Master Class, além de 24 curtas-metragens produzidos em Araraquara com o recurso da Lei Aldir Blanc. Os curadores desta nona edição, Maurício Coronado e Paulo Delfini, contam que priorizaram uma programação diversa, olhando não só para a temática, mas também para quem produziu a fim de trazer diversidade ao programa.
Todos os filmes – longas e curtas – ficarão disponíveis na plataforma TodesPlay de 23 a 28 de fevereiro, podendo ser acessados a qualquer hora e de forma gratuita. Já as mesas de bate-papo acontecem em dia e horário específico e, depois de efetuadas, também continuarão à disposição dos internautas na plataforma TodesPlay e na página do YouTube da Mostra. Por fim, as oficinas, com número limitado de participantes, serão efetuadas através do aplicativo Zoom. Para realizar inscrição, os interessados devem acessar o Sympla e, vale destacar, as inscrições já estão abertas.
No site da Prefeitura de Araraquara e nas redes sociais da Mostra (@mostrawallace) é possível acompanhar as informações dos filmes e convidados participantes, assim como as outras atividades da programação.
Nesta eidção, a Mostra se tornou parceira do Fórum de Cinema do Interior Paulista, o ICine. Os cineastas Paulo Delfini e Jacqueline Durans integram como delegados representantes de Araraquara, além de alguns convidados das mesas, como Reinaldo Volpato, Mario de Almeida e Priscila Sales.
FILMES
Os longas-metragens selecionados são: “Chico Rei entre nós” – vencedor na última edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (direção: Joyce Prado, gênero: documentário, ano de produção: 2020, classificação: livre), “Servidão” (direção: Renato Barbieri), “A Terra Negra Kawa” (direção: Sérgio Andrade, ficção, 2019, 14 anos), “Selvagem” (direção: Diego da Costa, ficção/drama, 2018-2021, livre), “Luciene” (direção: Juliana Curvo, documentário biográfico, 2020, livre) e “Essa terra é nossa” (direção: Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu, Roberto Romero; documentário, 2020, livre).
Já os curtas apresentam: “Pega-se Facção” (direção: Thais Braga, documentário, 2020, livre), “Alcatéia” (direção: Carolina Castilho, drama/ficção, 2020, classificação: 04 anos), “Seremos Ouvidas” (direção: Larissa Nepomuceno, documentário, 2020, livre), “Alfazema” (direção: Sabrina Fidalgo, ficção, 2019, 14 anos), “Filhas de Lavadeira” (direção: Edileuza Penha de Souza, documentário, 2019, livre), “Yaõkwa, imagem e memória” (direção: Rita Carelli e Vincent Carelli, documentário, 2020, livre), “Mãtãnãg, A Encantada” (direção: Shawara Maxakali e Charles Bicalho, animação/drama, 2019, livre), “Modelo Morto, modelo vivo” (direção: Iuri Bermudes e Leona Jhovs, drama/romance, 2020, 16 anos), “Homens Invisíveis” (direção: Luís Carlos de Alencar, documentário, 2019, classificação: 07 anos) e “Supremacia da fumaça” (direção: Marcelo Mendes Gomes, drama/ficção, 2019, 10 anos).
BATE-PAPO
As mesas de bate-papo são um bom exemplo da diversidade da programação. A abertura, no dia 23 às 19h, terá o tema: “Caipirismo no Cinema: história do Cinema da Paulistânia”, com a participação de Reinaldo Volpato e Mário de Almeida e mediação de Paulo Delfini. Nesta Mesa 1 haverá um panorama conceitual, histórico e contemporâneo do “Cinema Caipira”, além da representação do universo caipira no audiovisual brasileiro, passando pela definição de “caipira”, abordando os ciclos do cinema e as produções na história até a atualidade. O caipirismo no cinema, o cinema no interior, os cineastas em destaque, Mazzaropi e seu legado, são alguns dos conteúdos apresentados na atividade.
A Mesa 2, na quarta-feira (24 de fevereiro), será às 15 horas, com o título: “Do Super-8 em Sergipe ao cinema de mulheres no interior de SP – Imagem e memória”, com Moema Pascoini e Priscila Sales e mediação de Jacqueline Durans. Esta mesa apresenta possíveis aspectos comuns entre esses dois lugares: Moema Pascoini conta como o Super-8 tornou-se ferramenta popular de registro e preservação da memória sergipana, revolucionando o fazer cinematográfico, enquanto Priscila Sales fará um panorama histórico e contemporâneo do cinema de mulheres no interior do Estado de SP.
“Cinema Uó: Mitologias Cis Brancas” é o tema da Mesa 3, na quinta-feira (25), às 15 horas, com Geni Nuñez e Ariel Nobre e mediação de Vita Pereira. A mesa tem como objetivo nomear a norma e abordar as corporeidades e narrativas que olharam o mundo e se viram como espelho a partir do audiovisual.
Por fim, a Mesa 4 aborda “As vozes das histórias silenciadas”, com Edileuza Penha de Souza (“Filhas de Lavadeira”) e Jeferson Tenório (“Avesso da Pele”), sob mediação de Alê Laurindo. Será na sexta-feira (26), também às 15 horas. Os convidados conversam como suas obras têm papel fundamental no resgate das histórias não contadas no Brasil. O filme “Filhas de Lavadeiras” apresenta histórias de mulheres negras que graças ao trabalho árduo de suas mães puderam ir para escola e refazer os caminhos trilhados pelas suas antecessoras, enquanto o livro “Avesso da Pele” traz à superfície um país marcado pelo racismo e por um sistema educacional falido, além de um denso relato sobre as relações entre pais e filhos.
OFICINAS E MASTER CLASS
Vale reforçar que para a participação nas oficinas é necessária a inscrição prévia, por meio do Sympla. As atividades serão oferecidas online, por meio do aplicativo Zoom.
A primeira oficina é “Da palavra à imagem: a direção de fotografia enquanto construção imagética no audiovisual”, com Moema Pascoini, e será desenvolvida em 3 dias (24, 25 e 26 de fevereiro), das 19h às 21h. A oficina tem o intuito de apresentar uma visão panorâmica sobre a direção de fotografia no audiovisual, discutindo questões relacionadas à função deste profissional dentro da criação cinematográfica e de como se estrutura uma equipe de fotografia. Também serão abordados: elementos de composição e iluminação e exercícios de estímulo à criatividade a partir da análise de um roteiro e da sua adaptação imagética.
O link para inscrição é o: https://www.sympla.com.br/da-palavra-a-imagem-a-direcao-de-fotografia-enquanto-construcao-imagetica-no-audiovisual__1126362 .
A oficina “Cinema Negro no Feminino – Memória, Identidade e Territorialidade”, com Edileuza da Penha, será nos dias 25, 26 e 27 de fevereiro, das 10 às 12 horas, tendo como objetivo apresentar um grupo de cineastas negras brasileiras e de como seus trabalhos têm pautado os valores ancestrais de respeito às experiências de vida, à cultura, aos saberes e às visões de mundo da comunidade negra no audiovisual.
Inscrição: https://www.sympla.com.br/cinema-negro-no-feminino—memoria-identidade-e-territorialidade__1125588 .
Já a Master Class “Contando nossas histórias” tem no comando Luh Maza, primeira mulher trans a roteirizar filmes e séries na TV – ela fez “Sessão de Terapia” (Globoplay e GNT) e está escrevendo uma série para a Netflix. Neste encontro, Luh Maza discorre sobre o processo de construção de narrativas que transformam em dramas temas sociais e a busca por uma representação genuína de personagens e culturas que foram sistematicamente marginalizadas. Será dia 27, das 14 às 16 horas.
Inscrições: https://www.sympla.com.br/masterclass-com-luh-maza—contando-nossas-historias__1126244.
SINOPSES DOS FILMES
“Luciene”- O processo de construção de um documentário sobre a poeta mato-grossense Luciene Carvalho e a fronteira entre documentar o real ou aquilo que se conta, são os assuntos do filme Luciene. Abordando os aspectos do autobiográfico e da autoficção foram utilizadas linguagens artísticas, trazendo a poesia de Luciene, primeira preta imortal da academia mato-grossense de Letras. A antagonista-diretora só conseguiu conduzir as filmagens quando foi contaminada pela poeta, apresentando uma segunda autonarrativa e contando sobre a origem do filme que não consegue fazer.
“Essa terra é nossa”- Antigamente, os brancos não existiam e nós vivíamos caçando com os nossos espíritos yãmĩyxop. Mas os brancos vieram, derrubaram as matas, secaram os rios e espantaram os bichos para longe. Hoje, as nossas árvores compridas acabaram, os brancos nos cercaram e a nossa terra é pequenininha. Mas os nossos yãmĩyxop são muito fortes e nos ensinaram as histórias e os cantos dos antigos que andaram por aqui.
“Alcatéia”- Mulheres que correm umas com as outras. Curta-metragem livremente inspirado pelo livro “Mulheres Que Correm Com os Lobos”, de Clarissa Pinkola Estés.
“Seremos Ouvidas”- Como existir em uma estrutura sexista e ouvinte? Gabriela, Celma e Klicia, três mulheres surdas com realidades diferentes, compartilham suas lutas e trajetórias no movimento feminista surdo.